Alvaro Dias e o PT
A relação entre Alvaro Dias (PODE) e a cúpula do PT nunca esteve tão amistosa. Um homem de confiança do veterano fez conversas em torno de um acordo branco. As cláusulas da proposta giram com as seguintes regras: Dias não bate no presidenciável Lula da Silva (PT) durante a campanha e não fará oposição se eleito.
A conta dos estrategistas do Podemos é que para vencer seus dois principais oponentes, Alvaro Dias precisa contar com os votos “anti-Moro” e garantir parte do eleitorado “anti-Bolsonaro”, que no Paraná é representando por Paulo Martins (PL). Esses eleitores estão na esquerda, que odeia o ex-juiz Sergio Moro (UB), que prendeu Lula, e não gostam do atual presidente Jair Bolsonaro (PL).
Além disso, apesar do partido de Lula ter a candidata Rosane Ferreira (PV) ao Senado, ela não decola nas pesquisas. Apareceu com apenas 2% no último levantamento do Real Time Big Data. Por isso, dirigentes da federação encabeçada pelo PT, reservadamente, admitem que pode ocorrer o fenômeno do “voto útil” da esquerda em torno de Dias.
Escolha de Rosane já foi controversa
A coluna já adiantou no começo do mês passado que o nome de Rosane Ferreira não era unanimidade na Federação PT, PCdoB e PV. Na época, militantes históricos do PT chegaram a sugerir o médico Florisvaldo Fier, o Dr. Rosinha. O PCdoB queria o professor Elton Barz. Cogitou-se ainda o nome da ex-presidente da APP-Sindicato, Marlei Fernandes (PT), mas ela acabou como suplente na chapa. Aliás, o nome de Marlei teria sido vetado justamente porque ela representa o sindicato dos professores, que foi duramente reprimido pelo então governador Alvaro Dias, em 30 de agosto de 1988. Essa data ficou conhecida como “Massacre dos Professores”.
Histórico de acordos
Não é a primeira vez que Alvaro Dias usaria desse expediente. Em 1998 ele fechou um branco com o ex-governador Jaime Lerner, já falecido. Dias acertou os ponteiros com o então governador, que brigava pela reeleição, e participou da disputa pelo Senado sem enfrentar qualquer adversário relevante.