Começou por volta das 10h, em Curitiba, mais uma sessão da CPI da Petrobras, que ouvirá os suspeitos pelos desvios da estatal brasileira, detidos na Operação Lava Jato. Na sessão desta terça-feira (12), seis presos no processo conduzido pelo juiz Sérgio Moro devem depor, entre eles o ex-deputado federal pelo PT do Paraná, André Vargas.
A primeira a prestar depoimento é a doleira Nelma Kodama, condenada a 18 anos de prisão por 91 crimes de evasão de divisas. Ela é apontada como uma das principais parceiras de Alberto Youssef. Kodama era dona da casa de câmbio Havaí Tour, citada na operação Banestado. Seu nome também está ligado a operação Anaconda.
Durante seu depoimento, a Nelma afirmou que foi detida no dia 14 de março quando estava indo para Milão, mas que não estava fugindo do país. Ainda segundo ela, os 200 mil euros achado com ela não estavam em sua calcinha, como foi informado no dia da prisão, e sim nos bolsos da calça.
Nesse momento Kodama se levantou, virou-se de costas para a plateia e mostrou os dois bolsos da calça. “200 mil euros são dois maços pequenos de dinheiro e estava um em cada bolso”, afirmou.
Questionada sobre sua relação com Youssef, se ambos seriam amantes, ela garantiu que viveu maritalmente com o doleiro durante nove anos, entre 2000 e 2009.
Nelma Kodama afirmou que está negociando um acordo de colaboração e que vai falar sobre o doleiro quando o processo for concluído. “tenho revelações a fazer e falarei no momento oportuno”, garantiu.
Sobre as acusações de corrupção, Nelma disse que foi beneficiada pelo sistema do país. “se as falhas no sistema brasileiro não forem corrigidas, isso (esquema de corrupção) nunca vai acabar”. O sistema é falho e os bancos ganham com isso”, disse. Nelma ainda insinuou que o Banco Central conhece esses problemas e lucra com eles.
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Próximos depoimentos
Além dela, devem falar René Luiz Pereira, os ex-deputados Luiz Argôlo (SD-BA), André Vargas (sem partido-PR) e Pedro Corrêa (PP-PE) e do doleiro Carlos Habib Chater
Foi aberta ainda uma sessão deliberativa para incluir Ricardo Hoffmann, diretor da agência de publicidade Borghi/Lowe, suspeito de pagar propina a Vargas.
Na segunda-feira (11) o doleiro Alberto Youssef repetiu em depoimento a integrantes da CPI da Petrobras que o conhecimento do Palácio do Planalto – em referência à presidente Dilma Rousseff e ao ex-presidente Lula – sobre o esquema de corrupção na Petrobras é uma assunção dele. “A opinião é minha, agora, provas, eu não tenho”, afirmou aos parlamentares.