O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) concedeu entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira (18), em Brasília, horas depois de ser alvo de uma operação da Polícia Federal (PF). Bolsonaro negou que tenha pretensão de deixar o país e citou a ação da PF como “suprema humilhação”.

Jair Bolsonaro em coletiva
Ex-presidente teve celular e dinheiro apreendidos pela Polícia Federal. (Foto: Carolina Antunes/PR)

“Eles pegaram meu celular, R$ 7 mil e aproximadamente US$ 14 mil, todo esse dinheiro devidamente declarado. É um inquérito político, nada de concreto existe ali. Mas nunca pensei em sair do país, ir a uma embaixada, mas as cautelares são a respeito disso. Sou ex-presidente da República, tenho 70 anos de idade. Então é uma suprema humilhação”, declarou.

O ex-presidente ainda citou que a operação desta sexta-feira está ligada a um inquérito contra um dos filhos dele, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

Bolsonaro ainda criticou as ações realizadas pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para negociar as tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

“O Lula não conversa com o Trump. É um governo aliado, que não conversa. Em 2019, o Trump queria colocar uma tarifa no aço e no alumínio e eu conseguir reverter”, complementou.

Polícia Federal instalou tornozeleira eletrônica em Bolsonaro

Jair Bolsonaro durante entrevista coletiva
Ex-presidente terá restrição da liberdade em determinados horários. (Foto: Lula Marques/Agência Brasil)

A operação da Polícia Federal foi autorizada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), com base no parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR) por investigar Bolsonaro pelos crimes de coação no curso do processo, obstrução a Justiça e ataque a soberania nacional.

Bolsonaro ainda terá que usar uma tornozeleira eletrônica e não poderá sair da residência aos fins de semana e das 19h e 7h entre segunda e sexta-feira.

O ex-presidente ainda não poderá ter contato com embaixadores e diplomatas estrangeiros, bem como se aproximar de embaixadas.

Bolsonaro ainda foi proibido de ter contato com outros réus investigados na trama golpista. O ex-presidente também não poderá ter acesso às redes sociais.

PGR recomendou que Bolsonaro e outros réus sejam julgados pelo STF

Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil
Bolsonaro foi apontado como líder da trama golpista. (Foto: Antonio Augusto/STF)

A PGR pediu na última segunda-feira (14) ao STF a prisão de Jair Bolsonaro e de mais sete réus do núcleo 1 da trama golpista.

O procurador-geral, Paulo Gonet, cita em um documento de 517 páginas que Bolsonaro e os demais réus sejam condenados pelos seguintes crimes:

  • Organização criminosa armada;
  • Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
  • Golpe de Estado;
  • Dano qualificado pela violência;
  • Grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.

As penas máximas para esses crimes ultrapassam os 30 anos de prisão. A tendência é que Bolsonaro e os demais réus sejam julgados ainda em setembro deste ano.

Gonet citou que Bolsonaro era o líder da organização criminosa e foi o “principal articulador e maior beneficiário” dessas ações. O ex-presidente teria operado um “esquema persistente” de ataque às instituições públicas e ao processo sucessório após o resultado das eleições presidenciais.

“Com o apoio de membros do alto escalão do governo e de setores estratégicos das Forças Armadas, mobilizou sistematicamente agentes, recursos e competências estatais, à revelia do interesse público, para propagar narrativas inverídicas, provocar a instabilidade social e defender medidas autoritárias”, disse o procurador no documento.

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Jorge de Sousa

Editor

Jorge de Sousa é formado em jornalismo desde 2016, pós-graduado em Direito Eleitoral e Processo Eleitoral e especializado na cobertura de pautas sobre Política, do Paraná e do Brasil, além de matérias sobre Agronegócio e Esportes.

Jorge de Sousa é formado em jornalismo desde 2016, pós-graduado em Direito Eleitoral e Processo Eleitoral e especializado na cobertura de pautas sobre Política, do Paraná e do Brasil, além de matérias sobre Agronegócio e Esportes.