Curitiba - A Câmara Municipal de Curitiba abriu cinco sindicâncias envolvendo três vereadores da capital, na Corregedoria Interna. As apurações envolvem nomes da direita e da esquerda e mostram que os embates em plenário já elevaram as temperaturas nos bastidores. Cada uma das apurações foi registrada após a reclamação de um político contra outro. Agora, a Corregedoria vai verificar se os argumentos apresentados em cada caso têm ou não sentido.
O vereador jovem que esta entre os mais votados das últimas eleições, Guilherme Kilter (Partido Novo) é alvo de um dos procedimentos. A reclamação contra ele partiu da vereadora Professora Ângela (PSOL) por suposta transfobia contra a deputada federal, Erika Hilton (PSOL). Procurado pela coluna, o vereador classificou a denúncia como algo “ridículo” e afirmou ter respeitado os pronomes femininos da deputada:
” Não faz o menor sentido você tentar criminalizar a verdade. E qual é a verdade? Homem é homem e mulher é mulher. Pronto e acabou (…) Eu vou continuar falando o que deve ser falado e isso não vai me amedrontar em qualquer momento”
Outros dois estreantes na Câmara de Vereadores também estão no centro destas apurações: a vereadora Professora Ângela (PSOL) que abriu a reclamação contra Guilherme Kilter também é citada em dois procedimentos. O apontamento feito pelo vereador, Eder Borges (PL) é de suposto antissemitismo, após uma fala dela, durante sessão plenária, em que a vereadora, ao comentar os conflitos na Faixa de Gaza, teria chamado Israel de Estado assassino.
Outro vereador que responde a dois processos na Corregedoria Interna da Câmara é o vereador João Bettega (União Brasil). Procurado pela coluna, ele afirmou:
“Fui denunciado ao Conselho de Ética da Câmara pelo ex-prefeito Rafael Greca. A antiga gestão da Prefeitura de Curitiba financiou com R$150 mil a Bienal Internacional do Cabaré e um dos espetáculos da Bienal foi um careca de calcinha andando no meio da Rua XV com crianças passando no meio da rua, com idosos passando no meio da rua. Temos o contrato para provar que isso aconteceu, temos imagens deste ‘espetáculo’. Foi um espetáculo de p*taria. Eu acabei expondo essa situação, esse absurdo que aconteceu e, por isso, o senhor Rafael Greca quer me colocar no Conselho de Ética e até cassar o meu mandato.”
Segundo Bettega, o outro procedimento aberto contra ele na Câmara Municipal de Curitiba, também seria de autoria do ex-Prefeito e tem relação com uma fiscalização feita em uma casa que atende pessoas com transtornos psiquiátricos que teria contrato milionário com a Prefeitura de Curitiba
Como resposta às afirmações, a assessoria de Rafael Greca negou uso de dinheiro público para o financiamento do espetáculo cultural citado pelo vereador Bettega e apenas reiterou uma nota da Fundação Cultural de Curitiba sobre o tema:
” A Fundação Cultural de Curitiba esclarece que a apresentação da Selvática Produções mencionada pelo vereador em vídeo não foi financiada com recursos da Prefeitura de Curitiba. O valor de R$ 158.400,00 citado refere-se a outro evento da mesma companhia, que integrou a Mostra Internacional de Cabaret, e foi patrocinado por empresas, como Bosch do Brasil e Paraná Equipamentos, por meio de renúncia fiscal do município. A decisão de investir em peças como essa cabe às próprias empresas. Reforçarmos ainda que esse processo, ocorrido na gestão anterior, segue as regras do Programa de Apoio e Incentivo à Cultura.”
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Também por meio de nota, a Corregedoria da Câmara Municipal confirmou a instauração destas sindicâncias internas e informou que o trabalho será para reunir elementos de prova e esclarecer os fatos podendo a Corregedoria requisitar documentos, informações e realizar diligências.
Encerrada a fase de investigação, será elaborado um relatório conclusivo, com as medidas que podem ser: preventivas, de redução de danos ou compensatórias. Caso sejam identificados indícios de infração ético-disciplinar ou de procedimento incompatível com o decoro parlamentar, será formalizada representação contra vereador suspeito, requerendo a instauração do procedimento disciplinar pertinente. Em casos graves, conforme andamento na Câmara pode ser analisada até a perda do mandato.
Para a coluna corregedor da Câmara, Sidnei Toaldo (PRD) informou:
“Considerando a admissibilidade prévia pela Mesa Diretora desta Casa, inauguramos a instauração de sindicâncias para a devida apuração de fatos supostamente ilícitos. O prazo para a conclusão dos trabalhos será de 30 dias, ao término do qual será publicado o relatório final, conforme disposto no Regimento Interno. Durante esse período, todas as representações serão analisadas de forma sigilosa por possuir natureza inquisitorial, garantindo a adequada elucidação dos fatos e preservando a integridade do processo investigativo”
Em entrevista ao programa RIC Notícias Opinião, na Rádio Jovem Pan News, o presidente da Câmara de Vereadores de Curitiba, Tico Kuzma (PSD) comentou o caso e disse que espera que os vereadores reflitam sobre o comportamento:
“Eu espero que os vereadores tenham uma percepção, à partir do momento que tivemos essas representações e abertas essas sindicâncias, que realmente vejam se esta tudo de acordo com o que diz as leis, as regras. Se estão se excedendo, se excederam ou não e que possam ver se continuam naquele rumo, naquela rota ou se possam fazer uma mudança. Porque é tão difícil conquistar o mandato. É tão difícil ser eleito pelo voto popular. É tão difícil representar as pessoas, ter esse direito… são mil candidatos na cidade de Curitiba, depois você acabar perdendo o mandato por um ato, uma ação que você não pensou, não planejou na hora de fazer, na hora de falar.. isso pode acontecer. Então, que os vereadores reflitam nesse sentido, mesmo aqueles que estão sendo representados ou não representados.”
A coluna procurou ainda a vereadora Professora Ângela, mas até o momento não houve retorno. Nas redes sociais, ela postou um vídeo rebatendo as acusações de que foi alvo.
*Em atualização
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