O líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), afirmou nesta sexta-feira (10), que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não se arrependeu das palavras agressivas que direcionou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), durante as manifestações de 7 de Setembro. No dia seguinte às manifestações, o presidente lançou uma carta à nação, tentando desfazer a tensão entre os três poderes, o que levou muita gente a entender que Bolsonaro tinha se arrependido das declarações do dia anterior.

Barros disse em entrevista exclusiva ao RIC Notícias, da RIC Record TV, nesta sexta-feira (10) que o pedido de paz que Bolsonaro está propondo à nação só vale se “cada um cuidar da sua vida”.

“Ele é o presidente da nação, tomou a medida de estadista, mostrou muita força no 7 de setembro e saiu fortalecido das manifestações. Deixou clara as suas posições, quais coisas estavam atrapalhando a relação de harmonia entre os poderes. Espero que o Supremo deixe de avançar nas prerrogativas exclusivas dos outros poderes”, disse o deputado

Barros se referiu, entre outras coisas, à determinação do STF para que o Senado instalasse a CPI da Covid.

“O STF invadiu uma prerrogativa exclusiva do presidente do Senado Federal. Agora estão julgando se o presidente da Câmara, Artur Lira, tem prazo pra despachar pedido de impeachment (contra Bolsonaro). Não está no nosso regimento isso, (impeachment) é decisão interna corporis nossa. Mas o Supremo insiste em ficar decidindo coisas que são dos outros poderes. Se eles pararem com isso vai ficar tudo em paz, cada uma com a prerrogativa para a qual cada um foi eleito. O Legislativo e Executivo é poder eleito. O Judiciário é poder derivado e quer mandar nos demais”,

esbravejou o deputado.

Sobre o inquérito das fake news de que Bolsonaro é investigado e que tramita no STF, sob responsabilidade do ministro Alexandre de Moraes, Barros confirmou que o presidente da República pediu a intervenção do ex-presidente Michel Temer (MDB) para apaziguar os ânimos, já que foi Temer quem indicou Moraes para o cargo durante seu mandato.

“Esse inquérito da fake news, lá onde os ministros do Supremo são as vítimas, os julgadores e os inquisitores. Eles incomodam o mundo jurídico e a sociedade como um todo . Agora nós vamos ter mais tranquilidade para trabalhar“,

disse o deputado, referindo-se ao pedido de “ajuda” feito a Temer.

E o deputado ainda reafirmou que a carta que Bolsonaro direcionou à nação não é nenhum arrependimento e que se alguém achou ruim o pronunciamento é porque tomou as dores do presidente de forma distorcida.

“Até porque na carta ele (Bolsonaro) reafirma as divergências com o ministro Alexandre de Moraes. O que houve é esclarecimento que o ataque não era às instituições como um todo, que não era contra o STF, o TSE. Ele estava sendo direto em sua fala. Os outros é que por corporativismo se solidarizaram e tomaram as dores. O presidente esclareceu as coisas e isso foi bom, porque acalmou a bolsa de valores, o dólar, tá tudo tranquilo agora“,

concluiu o deputado.

Veja a repercussão da fala de Bolsonaro, no dia seguinte às manifestações de 7 de Setembro:

Assista a entrevista de Ricardo Barros ao RIC Notícias: