O Congresso Nacional elegeu parlamentares de oposição ao governo Lula (PT) para o comando da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que vai investigar descontos irregulares no INSS. O senador Carlos Viana (Podemos-MG) foi escolhido como presidente do colegiado e o deputado Alfredo Gaspar (União-AL) será o relator.

A votação decretou uma derrota para o governo e para o comando do Congresso Nacional. Davi Alcolumbre (União-AP), presidente do Senado Federal, havia indicado Omar Aziz (PSD-AM) para a presidência da comissão e Hugo Motta (Republicanos-TO), presidente da Câmara dos Deputados, indicou Ricardo Ayres (Republicanos-TO) para a relatoria.
O resultado da votação surpreendeu líderes governistas que iniciaram uma sequência de reuniões após o pleito.
Carlos Viana, que recebeu 17 votos, contra 14 de Aziz, se comprometeu a atuar com “responsabilidade e independência”. Como primeiro ato, o senador indicou Alfredo Gaspar, conhecido por ser apoiador de Jair Bolsonaro (PL), para a relatoria do colegiado.
Carlos Viana: quem é o presidente da CPMI do INSS
Carlos Viana é senador por Minas Gerais. Ex-apresentador de TV, o parlamentar apoia pautas como anistia aos envolvidos nos atos do dia 8 de janeiro e impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em seis anos e meio de mandato, o parlamentar está em seu quarto partido, tendo passado pelo PHS, por onde se elegeu em 2022, PSD, PL e, agora, Podemos.
Apesar do alinhamento ideológico, o presidente da CPMI já criticou Bolsonaro, afirmando que ele não cumpre os tratos que faz e que precisa indicar um sucessor para concorrer em 2026.
O senador é líder da bancada evangélica no Senado e busca protagonismo para concorrer à reeleição em 2026.
Alfredo Gaspar: quem é o relator da CPMI do INSS

Conhecido por ser aliado de Bolsonaro, o deputado federal Alfredo Gaspar afirmou, ainda antes de ser escolhido relator do colegiado, que o governo Lula seria o responsável pelo “roubo praticado nas contas de aposentados e pensionistas”.
“Fui indicado membro titular da CPMI que investigará fraudes no INSS. Essa comissão é necessária para investigar o roubo praticado nas contas de aposentados e pensionistas. O governo do PT foi o grande responsável por desviar mais de R$ 6 bi e isso é crime de proporções gigantescas”, disse no X, antigo Twitter.
A fala do deputado tem sido apontada por usuários do X como prova de que a relatoria tende a ser enviesada contra o governo federal.
O deputado participou da obstrução física do plenário da Câmara dos Deputados no início de agosto, revesando a ocupação da Mesa Diretora. Alfredo Gaspar é defensor do fim do foro por prerrogativa de função e anistia “ampla, geral e irrestrita” aos envolvidos nos atos do dia 8 de janeiro.
O deputado já relatou outro caso importante ao bolsonarismo, o pedido de suspensão do processo contra Alexandre Ramagem (PL-RJ). O parlamentar é suspeito de cometer os crimes de organização criminosa; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima; e deterioração de patrimônio tombado.
Em seu relatório, Alfredo Gaspar pediu pela suspensão das investigações contra o ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O STF acatou, em maio deste ano, a suspensão das investigações exclusivas dos crimes cometidos após a diplomação, ou seja, nos atos posteriores ao dia 8 de janeiro.
A fraude no INSS
Objeto da análise da comissão, investigações da Polícia Federal (PF) apontam supostas fraudes milionárias envolvendo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). As investigações resultaram no afastamento do presidente da instituição.
Segundo os agentes federais, associações cadastravam aposentados e pensionistas no INSS e descontavam mensalidades direto na folha de pagamento das vítimas, que não sabiam que estavam sendo associadas a essas organizações.
A PF aponta que um dos indícios de envolvimento de funcionários internos do INSS com a fraude, são as liberações dos cadastros em grande quantidade feitas pelo órgão.
Em disputa de narrativas, o governo federal afirma que a quadrilha se instalou no órgão durante a gestão Jair Bolsonaro e que o esquema foi desmobilizado por ordens do atual governo. Já a oposição aponta o envolvimento do irmão de Lula, José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindinapi), uma das entidades investigadas.
Quer receber notícias no seu celular? Entre no canal do Whats do RIC.COM.BR. Clique aqui.