O ex-presidente Jair Bolsonaro foi denunciado criminalmente nesta terça-feira (19), pela Procuradoria-Geral da República (PGR), após dois anos de investigação. Bolsonaro é acusado de ser líder de um suposto plano de golpe de Estado, após não vencer a eleição de 2022, contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Após acusação contra o ex-presidente, a defesa de Bolsonaro emitiu uma declaração rebatendo as denuncias da PGR, na noite desta terça-feira. A delação que direciona o ex-chefe do executivo como organizador do “golpe”, foi realizada pelo procurador-geral da República Paulo Gonet.
Além da acusação, a denuncia também aponta abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes (relator do caso), Cármen Lúcia, Luiz Fux, Cristiano Zanin e Flávio Dino vão examinar a acusação e decidir se prosseguem com a denuncia, que não tem previsão para conclusão.
Argumentos da defesa de Bolsonaro
Para a defesa do ex-presidente, o argumento central está ligado ao fato de que mesmo com dois anos de investigações e a apreensão do celular de Bolsonaro, não foi possível encontrar nenhuma prova que o ligue com o “golpe”.
“A despeito dos quase dois anos de investigações – período em que foi alvo de exaustivas diligências investigatórias, amplamente suportadas por medidas cautelares de cunho invasivo, contemplando, inclusive, a custódia preventiva de apoiadores próximos -, nenhum elemento que conectasse minimamente o presidente à narrativa construída na denúncia, foi encontrado”, pontua a declaração.
A manifestação também coloca em questão a veracidade da delação, que foi feita pelo tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens. Segundo a defesa, ela foi realizada com base no acordo de colaboração.
“A inepta denúncia chega ao cúmulo de lhe atribuir participação em planos contraditórios entre si e baseada numa única delação premiada, diversas vezes alteradas, por um delator que questiona a sua própria voluntariedade. Não por acaso ele mudou sua versão por inúmeras vezes para construir uma narrativa fantasiosa”, diz defesa de Bolsonaro.
De acordo com a nota emitida pelos advogados, o ex-presidente está tranquilo em relação às denuncias.
“O presidente Jair Bolsonaro confia na Justiça e, portanto, acredita que essa denúncia não prevalecerá por sua precariedade, incoerência e ausência de fatos verídicos que a sustentem perante o Judiciário”, finaliza a declaração.
Lista completa com os 33 denunciados
Os 33 que aparecem na listagem, foram acusados por tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de estado, organização criminosa armada, dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima, e deterioração de patrimônio tombado.
- Ailton Gonçalves Moraes Barros – Capitão do Exército
- Alexandre Rodrigues Ramagem – Deputado federal e ex-diretor da Abin
- Almir Garnier Santos – Almirante da Marinha e ex-comandante
- Anderson Gustavo Torres – Ex-ministro da Justiça e Segurança Pública
- Angelo Martins Denicoli – Major do Exército
- Augusto Heleno Ribeiro Pereira – Ex-ministro da GSI e general do Exército
- Bernardo Romão Correa Netto – Coronel do Exército
- Carlos Cesar Moretzsohn Rocha – Engenheiro
- Cleverson Ney Magalhães – Coronel do Exército
- Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira – General do Exército
- Fabrício Moreira de Bastos – Coronel do Exército
- Filipe Garcia Martins Pereira – Ex-assessor da Presidência da República
- Fernando de Sousa Oliveira – Ex-secretário de Segurança Pública do DF
- Giancarlo Gomes Rodrigues – Subtenente do Exército
- Guilherme Marques de Almeida – Tenente-coronel do Exército
- Hélio Ferreira Lima – Tenente-coronel do Exército
- Marcelo Araújo Bormevet – Policial federal
- Marcelo Costa Câmara – Ex-assessor da Presidência da República e coronel do Exército
- Márcio Nunes de Resende Júnior – Coronel do Exército
- Mario Fernandes – Ex-assessor da Presidência da República e general do Exército
- Marília Ferreira de Alencar – Ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça
- Mauro Cesar Barbosa Cid – Ex-ajudante de ordens da PR e tenente-coronel do Exército
- Nilton Diniz Rodrigues – General do Exército
- Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho – Jornalista
- Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira – Ex-comandante do Exército
- Rafael Martins de Oliveira – Major do Exército
- Reginaldo Vieira de Abreu – Coronel do Exército
- Rodrigo Bezerra de Azevedo – Tenente-coronel do Exército
- Ronald Ferreira de Araujo Junior – Tenente-coronel do Exército
- Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros – Major do Exército
- Silvinei Vasques – Ex-diretor-geral da PRF
- Walter Souza Braga Netto – Ex-ministro e general
- Wladimir Matos Soares – Policial federal
Nota da defesa de Bolsonaro na íntegra
“A defesa do Presidente Jair Bolsonaro recebe com estarrecimento e indignação a denúncia da Procuradoria-Geral da República, divulgada hoje pela mídia, por uma suposta participação num alegado golpe de Estado.
O Presidente jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam.
A despeito dos quase dois anos de investigações – período em que foi alvo de exaustivas diligências investigatórias, amplamente suportadas por medidas cautelares de cunho invasivo, contemplando, inclusive, a custódia preventiva de apoiadores próximos -, nenhum elemento que conectasse minimamente o Presidente à narrativa construída na denúncia, foi encontrado.
Não há qualquer mensagem do Presidente da República que embase a acusação, apesar de uma verdadeira devassa que foi feita em seus telefones pessoais.
A inepta denúncia chega ao cúmulo de lhe atribuir participação em planos contraditórios entre si e baseada numa única delação premiada, diversas vezes alteradas, por um delator que questiona a sua própria voluntariedade. Não por acaso ele mudou sua versão por inúmeras vezes para construir uma narrativa fantasiosa.
O Presidente Jair Bolsonaro confia na Justiça e, portanto, acredita que essa denúncia não prevalecerá por sua precariedade, incoerência e ausência de fatos verídicos que a sustentem perante o Judiciário”.
*Com supervisão de Guilherme Fortunato
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