Deltan Dallagnol ataca STF e se defende de decisão do TCU: “Querem me deixar inelegível”
O ex-procurador da República e filiado ao Partido Podemos, Deltan Dallagnol participou nesta segunda-feira (25) do programa Jornal da Manhã, da rádio Jovem Pan News Curitiba. Ao âncora Marc Sousa e a jornalista Beatriz Frehner, o possível candidato nas próximas eleições se defendeu da decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), sobre aprofundamento das investigações do pagamento de diárias da operação Lava-Jato.
Segundo Deltan, para o desenvolvimento do trabalho da Lava-Jato foram necessários investimentos em profissionais capacitados de outros estados, que geraram custos de deslocamento, diárias e outras despesas que estão previstas em lei. “Foram gastos entre 2 e 3 milhões em despesas, durante sete anos, mas recuperados R$ 15 bilhões”.
“Essa decisão foi um absurdo, ela mostra que é perigoso você combater a corrupção no Brasil hoje. Eu posso resumir essa decisão em dois pontos centrais. O primeiro, é o ponto da legalidade, a correção das diárias pagas. E o segundo ponto, é que eu não tenho nada a ver com essas diárias. Eu não recebi, eu não paguei, eu não autorizei. Eles estão buscando me responsabilizar, querem me deixar inelegível, mas isso é absurdo e jamais vão chegar lá”,
comentou Deltan.
O filiado do Podemos ainda pontuou que existe uma inversão de valores do TCU, que busca responsabilizar de modo direcionado pessoas que podem ser pré-candidatos “eu e o Rodrigo Janot”.
Saída de Moro e corrida pelo Senado
Deltan, que garantiu que não ficará inelegível, também comentou sobre as eleições do final do ano. O filiado do Podemos declarou que ainda não está definido a qual cargo sairá como candidato e não descarta a possibilidade de concorrer a uma vaga no Senado.
“A preferência do Senado é do senador Álvaro Dias, que já está lá. Neste ano a renovação do Senado será de uma cadeira por estado. Ele desempenhou um bom trabalho, ele é uma referência no combate à corrupção, na atuação parlamentar, e a preferência é dele. Eu respeito e apoio, é um excelente nome. Se ele tiver esse desejo, ele seguirá para lá. Mas ele considera por vezes sair candidato a outras funções, talvez a presidente da república, talvez a governador, e nesta hipótese abriria uma vaga para eu concorrer ao Senado”,
disse Deltan.
O ex-procurador também aproveitou o espaço na Jovem Pan News para destacar os princípios do partido e porque escolheu representar a sigla, e deve permanecer mesmo após a saída de Sergio Moro.
“Eu permaneço no Podemos porque as razões pelas quais eu entrei no Podemos permanecem […] Tenho total admiração pelo Sergio Moro, que atua em favor do interesse público. Foi uma decisão pessoal dele”, reforçou.
Condenação de Daniel Silveira
Durante a entrevista no Jornal da Manhã, Deltan também comentou sobre a condenação do deputado bolsonarista Daniel Silveira (PTB-RJ). Na última quarta-feira (20), o Supremo Tribunal Federal (STF) condenou o parlamentar a 8 anos e 9 meses de prisão por ataques verbais e ameaças a integrantes da corte.
“O Supremo está inovando isso, nunca existiu a possibilidade de criminalizar um parlamentar por palavra. Além disso, é um princípio básico do direito penal, que você precisa de uma lei certa, exata, você não admite analogia, você não admite interpretações extensivas, e é o que eles estão fazendo em relação a essa regra […] estão contrariando o que está escrito”, explicou Deltan.
O ex-procurador também comentou que o caso é “recheado de problemas”, que envolvem impedimento do réu de participar do julgamento, prisão em flagrante e a pena.
“O STF está aplicando dois pesos e duas medidas, ele está atuando de um modo célere, aplicou uma pena desproporcional. Veja que a pena aplicada ao Daniel Silveira foi de mais de 8 anos de prisão. Sabe quanto foi a pena aplicada ao líder do Mensalão no STF, a pessoa que foi considerada líder da organização criminosa que saqueou o país, a pena foi de pouco mais de 7 anos de prisão, aplicada a José Dirceu e ele ficou preso por 2 anos, pois foi perdoado por indulto”,
lamentou Deltan.