O procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou ao STF (Supremo Tribunal Federal) denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 33 pessoas por suposto envolvimento em um plano de golpe de Estado depois das eleições de 2022. Agora, o pedido deverá ser analisado pela Primeira Turma do Supremo, que pode aceitar (total ou parcialmente) ou recusar a denúncia.

ex-presidente Jair Bolsonaro no aeroporto
PGR denunciou o ex-presidente por cinco crimes (Foto: Tânia Rego/Agência Brasil)

Inicialmente, o ministro relator Alexandre de Moraes dará 15 dias para que os denunciados enviem uma resposta escrita com a defesa prévia. Em caso de contestações por parte dos advogados, o ministro abre vista à PGR, que tem cinco dias para se manifestar.

Em seguida, Moraes libera a ação para a Primeira Turma julgar de forma colegiada o recebimento da denúncia. O colegiado será então responsável por analisar o documento e dar uma decisão. Ainda caberá recurso.

A Primeira Turma do STF é formada, além de Moraes, pelos ministros Cármen Lúcia, Luiz Fux, Cristiano Zanin e Flávio Dino.

Indiciados só se tornam réus caso STF aceite a denúncia da PGR

Neste primeiro momento, a apresentação da denúncia significa que a Procuradoria Geral da República (PGR) encontrou indícios suficientes para formalmente acusar uma pessoa de ter cometido um crime. No entanto, ainda há um longo caminho para a condenação ou absolvição dos envolvidos.

ministro Alexandre de Moraes, do STF, e procurador-geral Paulo Gonet
Ministro Alexandre de Moraes avaliará a denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, antes de encaminhá-la para a Primeira Turma do STF (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Em um próximo passo, caso a denúncia seja aceita pelo STF, os denunciados se tornam réus e passam a responder penalmente pelas ações na corte.

Possível julgamento ainda está distante de ocorrer

Então, após esses trâmites iniciais, os processos seguem para a instrução processual. Essa fase é composta por diversos procedimentos para investigar tudo o que aconteceu e a participação de cada um dos envolvidos.

Após a abertura da ação penal é que se tem início à coleta de eventuais provas e de depoimentos de testemunhas de defesa e acusação. Só então, depois de concluída a instrução, é que o caso será julgado.

E somente após esse julgamento e a avaliação de eventuais recursos da defesa, é que os réus poderão ser presos, em caso de condenação. No entanto, no decorrer do processo, existe a possibilidade de que seja decretada prisão preventiva, caso a Justiça considere que algum réu esteja dificultando as investigações ou ameace fugir do país, por exemplo.

Gonet denunciou Bolsonaro por uma série de crimes: liderar organização criminosa armada; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; Golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima; e deterioração de patrimônio tombado.

Ex-presidente Jair Bolsonaro discursa em cima de trio elétrico
Eventual julgamento de ex-presidente não tem prazo para acontecer (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

Alguns deles dizem respeito aos atos do dia 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram as sedes do Executivo e do Judiciário. Ação que deixou um rastro de destruição nos prédios históricos.

Defesa nega envolvimento do ex-presidente nos crimes denunciados

Em nota ao Portal R7, a defesa de Bolsonaro afirma que ele “jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam”.

Os advogados do ex-presidente disseram ainda que receberam “com estarrecimento e indignação” a denúncia da Procuradoria-Geral da República.

“A despeito dos quase dois anos de investigações — período em que foi alvo de exaustivas diligências investigatórias, amplamente suportadas por medidas cautelares de cunho invasivo, contemplando, inclusive, a custódia preventiva de apoiadores próximos —, nenhum elemento que conectasse minimamente o Presidente à narrativa construída na denúncia, foi encontrado”, continuou a defesa.

Advogados afirmam que denúncia é “inepta”

Segundo os advogados, não há qualquer mensagem de Bolsonaro “que embase a acusação, apesar de uma verdadeira devassa que foi feita em seus telefones pessoais”.

“A inepta denúncia chega ao cúmulo de lhe atribuir participação em planos contraditórios entre si e baseada numa única delação premiada, diversas vezes alteradas, por um delator que questiona a sua própria voluntariedade. Não por acaso ele mudou sua versão por inúmeras vezes para construir uma narrativa fantasiosa”, destacou a defesa.

“O Presidente Jair Bolsonaro confia na Justiça e, portanto, acredita que essa denúncia não prevalecerá por sua precariedade, incoerência e ausência de fatos verídicos que a sustentem perante o Judiciário”, conclui a defesa dele.

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Luciano Balarotti

Repórter

Formado pela UFPR, Luciano Balarotti tem 25 anos de experiência profissional, grande parte dedicada ao jornalismo esportivo. Mas atua também em áreas como Cultura, Cotidiano, Segurança Pública, Automóveis e Concursos.

Formado pela UFPR, Luciano Balarotti tem 25 anos de experiência profissional, grande parte dedicada ao jornalismo esportivo. Mas atua também em áreas como Cultura, Cotidiano, Segurança Pública, Automóveis e Concursos.