A divulgação de mais uma rodada da pesquisa Genial/Quaest provocou reações e explicações distintas entre os governistas e a oposição ao presidente Lula. Enquanto no Palácio do Planalto eram ouvidos fogos de artifício, do outro lado da trincheira o clima era de certo pessimismo. Sem perder de vista, para os dois lados, o cenário eleitoral para 2026.

O levantamento eleitoral mostrou que o governo federal conseguiu aproximar as linhas de aprovação e desaprovação da gestão de Lula — que nas últimas sondagens andavam paralelas longe de uma aproximação. A diferença entre desaprovação e aprovação de Lula caiu 16 pontos. É um resultado e tanto para quem parecia nas cordas. E, ao mesmo tempo, um banho de água fria para os aliados de Jair Bolsonaro.
A pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira (8) mostra que 49% da população desaprovam o governo petista e 48% aprovam. Ambas tecnicamente empatadas na margem de erro que é de 2%. A pesquisa divulgada no mês de maio, mostrava um quadro de 57% de desaprovação do trabalho do presidente e 40% de aprovação.
O panorama de 2025 de Lula é muito claro: a perfomace no primeiro semestre foi pífia e preoupante, para quem pensa em reeleição, marcado por revezes principalmente na condução da parte política e econômica. E a segunda metade do ano é delineada por uma reviravolta bastante positiva a partir de uma estratégia muito mal calculada por atores da Direita, mas também por acertos por parte da equipe de Sidônio Palmeira.
Para políticos e apoiadores alinhados a Jair Bolsonaro, dois fatores pesaram para a performace de Lula: a atuação de Eduardo Boslonaro nos Estados Unidos, no que diz respeito ao tarifaço imposto pelo presidente americano para tentar pressionar o projeto de anistia do ex-presidente, e uma divisão da direita. Sem falar na condenação do ex-presidente no Supremo Tribunal Federal (STF).
Esse racha fica evidenciado na postura do filho 02 de querer se lançar candidato à presidência em 2026 mesmo com nomes de governadores já postos no panorama político eleitoral: como, principalmente, o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e do Paraná, Ratinho Junior. Eduardo diz que vai concorrer até se for contra a madrasta Michelle Bolsonaro.
Do outro prisma, o governo soube explorar muito bem, principalmente nas mídias sociais e na imprensa, vitórias políticas que acabaram por virar notícias positivas. Os exemplos são bastante recentes: o encontro de Lula e de Donald Trump, na Assembleia da ONU e a reunião por telefone entre os dois presidentes, que reforçou as expectativas do empresariado como também do eleitor brasileiro — uma vez que a Quaest mostra que para 49% dos entrevistados o petista saiu mais forte politicamente.
Do Congresso Nacional também vieram vitórias: a aprovação na Câmara dos Deputados da isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil e o enterro da PEC da Blindagem — sem falar no arrefecimento da discussão sobre a anistia aos condenados e envolvidos no 8 de janeiro, que hoje está sendo tratado como uma PEC da Dosimetria. Ou seja, em redução da pena e não no perdão, no indulto.
Mas ao mesmo tempo que o jogo virou positivamente para o governo Lula, os ventos da política e da economia podem trazer novamente turbulências na navegação até 2026. A taxa de juros altíssima, querendo romper o patamar dos 15%, uma CPMI do INSS com resultados ainda tímidos e a negociação imprevisível com os americanos são fatores que podem mudar a bússula na nau petista e o humor do eleitorado brasileiro.
Sem falar numa reconexão da Direita que não pretende assitir atônita o crescimento de Lula na aprovação do governo. Tendo, as duas trincheiras, o mesmo horizonte: a eleição de 2026.