Em entrevista, Lula descarta chamar Dilma para ser ministra caso seja eleito
Em entrevista para a Rádio T, transmitida para todo o Paraná nesta terça-feira (5), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que “não trabalha com a hipótese” de chamar a também ex-presidente Dilma Rousseff para ser ministra de seu governo caso seja eleito em 2022. Lula afirmou que não se sente à vontade para “mandar” em Dilma e que a situação de hierarquia poderia causar problemas.
No entanto, Lula ressaltou o respeito e carinho que tem pela colega, que ocupou a presidência de 2011 até ser afastada do cargo em um processo de impeachment, em 2016. “A Dilma pode ajudar de forma extraordinária porque ela tem uma experiência acumulada. Agora eu não me sinto à vontade de mandar na Dilma, dar bronca na Dilma, de obrigar ela a fazer alguma coisa, disse.
“E eu acho que não dá certo, não dá certo você achar que você pode chamar outro presidente para ser teu ministro. Você vai tornar ele uma figura inferior a você na escala de autoridades, e aí fica um presidente mandando em outro, a tendência é dar problemas. Eu sinceramente não trabalho com essa hipótese”,
afirmou Lula.
Ainda, o ex-presidente, que deve se candidatar à presidência nas eleições de 2022, relembrou que foi convidado por Dilma para ser ministro, que aceitou o cargo pois o cenário era delicado, mas que já não acreditava que seria uma boa ideia. “Quando a Dilma me chamou para ser ministro, eu insisti que eu não poderia voltar porque no Palácio não cabem dois presidentes da república. É muito difícil você imaginar um presidente mandando em outro presidente”, contou.
Durante a entrevista à rádio, Lula ainda contou que, na sexta-feira (8), deve apresentar o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, como candidato a vice em sua chapa. A formação da chapa para concorrer a Presidência precisa ser aprovada em uma reunião do diretório do PT, mas, apesar de haver resistência de uma ala minoritária, mais à esquerda, a decisão já está tomada e foi negociada antes mesmo de Alckmin se filiar ao PSB.
Questionado, mais uma vez, sobre seu convite a Alckmin, que sempre foi seu adversário na política, Lula respondeu que ele mudou, Alckmin mudou e o próprio país mudou.
“O Alckmin mudou de partido, eu tenho dito a todo mundo que não quero ser candidato apenas do PT, mas de um movimento que esteja disposto a reconstruir a democracia e esse país, a fortalecer as instituições”, afirmou. “Você pode estar certo que, se nós estivermos juntos, nós vamos reconstruir o Brasil, porque somos dois democratas. Gostamos da democracia, exercemos a democracia e temos como prova o exercício dos nossos mandatos.”
disse Lula.
Lula está na reta final dos acertos com partidos aliados para lançar sua pré-candidatura, o que deve acontecer apenas no final do mês. Depois de ter formado uma federação com PV e PCdoB, e ter garantido a aliança com o PSB, o PT ainda espera a decisão do PSOL, com quem deve formar uma coligação, o que deve acontecer até o final do mês.
O lançamento da pré-candidatura ainda não tem data certa, mas será nos primeiros dias de maio, e já com a apresentação de Alckmin como vice na chapa.