Na próxima terça-feira (2) acontece o primeiro dia do julgamento que pode condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. Além dele, outros sete réus também serão julgados.

réus do julgamento Bolsonaro
Conheça os réus que também serão julgados com Bolsonaro (Foto: REUTERS/Mateus Bonomi/Agência Brasil/Valter Campanato/Marcelo Camargo/Fábio Rodrigues-Pozzabom/Fernando Frazão/PR/Alan Santos/Câmara dos Deputas/Bruno Spada)

Além de Jair, outros sete homens são considerados como “núcleo crucial da trama golpista”. São eles:

  • Alexandre Ramagem: ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin)
  • Almir Garnier: ex-comandante da Marinha
  • Anderson Torres: ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal
  • Augusto Heleno: ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI)
  • Paulo Sérgio Nogueira: ex-ministro da Defesa
  • Walter Braga Netto: ex-ministro de Bolsonaro e candidato à vice na chapa de 2022
  • Mauro Cid: ex-ajudante de ordens de Bolsonaro

Os réus respondem pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, Golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombando. Apenas Ramagem, por ser deputado federal, foi beneficiado com a suspensão de parte das acusações conforme previsto na Constituição.

Conheça os réus do julgamento do ex-presidente Bolsonaro:

Alexandre Ramagem

Alexandre Ramagem é delegado da Polícia Federal e ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro. Homem de confiança da família Bolsonaro, ele chegou a ser indicado para comandar a Polícia Federal em 2020, mas teve a nomeação barrada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Atualmente, Ramagem é deputado federal pelo Rio de Janeiro, filiado ao Partido Liberal (PL), e construiu sua carreira política alinhado a pautas conservadoras e de segurança pública, mantendo forte base de apoio entre bolsonaristas.

Alexandre Ramagem
Alexandre Ramagem é um dos réus do julgamento do Bolsonaro (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

O julgamento de Alexandre Ramagem no STF decorre de investigações que apontam suposto uso da Abin para monitorar ilegalmente autoridades, jornalistas e adversários políticos durante o período em que ele comandava o órgão. O caso ganhou repercussão por envolver acusações de aparelhamento do Estado em favor de interesses privados e políticos. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), a prática configuraria abuso de poder e desvio de finalidade na gestão da inteligência nacional, levantando suspeitas de que a estrutura pública teria sido utilizada para blindar aliados e perseguir opositores.

Almir Garnier

Almir Garnier Santos é almirante de esquadra da Marinha do Brasil e foi comandante da Força entre 2021 e 2023, durante o governo de Jair Bolsonaro. Com uma carreira militar marcada por cargos de destaque, ele atuou em funções estratégicas dentro da Marinha e do Ministério da Defesa, consolidando-se como uma das figuras mais influentes das Forças Armadas nos últimos anos.

Almir Garnier
Almir Garnier é um dos réus do julgamento do Bolsonaro (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

O Supremo STF julgará Almir Garnier por suspeita de participação em uma trama golpista que visava impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, em 2023. Segundo as investigações da Polícia Federal, ele teria apoiado propostas para uso das Forças Armadas em um plano de ruptura institucional, o que pode configurar crimes contra o Estado democrático de direito. As apurações apontam que Garnier teria dado aval, ainda que de forma indireta, a iniciativas que buscavam contestar o resultado das eleições, colocando-o no centro de um dos processos mais delicados envolvendo militares na história recente do Brasil.

Anderson Torres

Anderson Torres é delegado da Polícia Federal e atuou como ministro da Justiça e Segurança Pública no governo de Jair Bolsonaro, além de ter sido secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Reconhecido por sua trajetória na área de segurança, construiu uma imagem pública ligada ao combate ao crime organizado e ao alinhamento com pautas da base bolsonarista. Sua carreira política se consolidou ao lado do ex-presidente, de quem era considerado um aliado próximo e de confiança.

Anderson Torres
Anderson Torres é um dos réus do julgamento do Bolsonaro (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Ele será julgado no STF por seu envolvimento nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes, em Brasília, foram invadidas e depredadas. À época, Torres era secretário de Segurança do DF e estava em viagem aos Estados Unidos, mas as investigações apontam que houve omissão deliberada no planejamento e na contenção dos ataques. Além disso, em sua casa foi encontrada uma minuta de decreto que poderia servir de base para uma intervenção federal visando reverter o resultado das eleições, reforçando as suspeitas de participação em um esquema para atentar contra o Estado democrático de direito.

Augusto Heleno

Augusto Heleno Ribeiro Pereira é general da reserva do Exército Brasileiro e ganhou notoriedade nacional por sua atuação como comandante da missão da ONU no Haiti (Minustah), entre 2004 e 2005. Durante o governo Jair Bolsonaro, foi ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), cargo estratégico responsável pela segurança da Presidência da República e pelo monitoramento de assuntos de inteligência.

Augusto Heleno
Augusto Heleno é um dos réus do julgamento do Bolsonaro (Foto: PR/Alan Santos)

O general será julgado no STF por suspeita de envolvimento em discussões e articulações que visavam minar a credibilidade do processo eleitoral de 2022 e favorecer um ambiente propício a uma tentativa de ruptura institucional. Segundo as investigações da Polícia Federal, Heleno teria participado de reuniões e apoiado iniciativas que questionavam a lisura das urnas eletrônicas e a legitimidade do pleito. Essas condutas são investigadas como possíveis crimes contra o Estado democrático de direito, já que, no entendimento dos investigadores, o uso de sua posição de autoridade poderia ter contribuído para alimentar a narrativa golpista no período de transição de governo.

Paulo Sérgio Nogueira

Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira é general da reserva do Exército Brasileiro e foi ministro da Defesa no governo de Jair Bolsonaro, cargo que assumiu em 2022 após comandar a própria Força Terrestre. Com uma carreira militar de destaque, atuou em postos de comando estratégicos e consolidou-se como uma das principais lideranças do Exército nos últimos anos. À frente do Ministério da Defesa, tornou-se figura central na interlocução entre as Forças Armadas e o processo eleitoral, ganhando visibilidade especialmente por suas declarações sobre o sistema de votação eletrônica.

Paulo Sérgio Nogueira
Paulo Sérgio Nogueira é um dos réus do julgamento do Bolsonaro (Foto: Fábio Rodrigues-Pozzabom/Agência Brasil)

Ele será julgado no STF por suspeita de envolvimento em articulações que buscavam desacreditar as urnas eletrônicas e colocar em dúvida a lisura das eleições de 2022. As investigações da Polícia Federal apontam que, sob sua gestão, o Ministério da Defesa teria atuado de maneira a pressionar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com questionamentos técnicos considerados infundados, reforçando narrativas golpistas. A conduta de Nogueira é investigada como possível participação em um esquema para fragilizar a confiança no processo democrático e abrir caminho para uma tentativa de ruptura institucional.

Walter Braga Netto

Walter Braga Netto é general da reserva do Exército Brasileiro e atuou em cargos de grande relevância nacional, como interventor federal na segurança do Rio de Janeiro em 2018, ministro da Casa Civil e ministro da Defesa no governo de Jair Bolsonaro. Em 2022, deixou a pasta para ser candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, consolidando-se como um dos principais aliados do ex-presidente dentro das Forças Armadas e no campo político.

Walter Braga Netto
Walter Braga Netto é um dos réus do julgamento do Bolsonaro (Foto: Agência Brasil/Fernando Frazão)

Ele será julgado no STF por suspeita de participação em articulações golpistas que buscavam reverter o resultado das eleições de 2022. De acordo com as investigações da Polícia Federal, Braga Netto teria participado de reuniões e debates sobre medidas de ruptura institucional, incluindo a possibilidade de uso das Forças Armadas para contestar a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva. A apuração indica que sua posição de destaque e proximidade com Bolsonaro podem ter sido utilizadas para legitimar planos de intervenção, o que o coloca sob suspeita de crimes contra o Estado democrático de direito.

Mauro Cid

Mauro Cesar Barbosa Cid é tenente-coronel do Exército Brasileiro e ganhou projeção nacional por atuar como ajudante de ordens de Jair Bolsonaro durante seu mandato presidencial. Militar de carreira, era responsável por organizar a rotina do então presidente e acompanhá-lo em compromissos oficiais, tornando-se uma das pessoas mais próximas de Bolsonaro. Sua lealdade ao ex-presidente fez com que fosse apontado como um dos guardiões de informações sensíveis do período, além de envolvido em diversas agendas políticas e administrativas do Planalto.

Mauro Cid
Mauro Cid é um dos réus do julgamento do Bolsonaro (Foto: Câmara dos Deputas/Bruno Spada)

Ele será julgado no STF por uma série de acusações ligadas a esquemas de fraude e à articulação de tentativas de abalar o processo democrático. Entre as investigações da Polícia Federal estão suspeitas de envolvimento em falsificação de cartões de vacinação de Bolsonaro e sua família, além da participação em planos que visavam questionar a lisura das eleições de 2022. Também foi apontado como elo na disseminação de informações estratégicas em grupos ligados a discussões golpistas. Esses elementos o colocam no centro de processos que apuram crimes contra a fé pública e contra o Estado democrático de direito.

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Mariana Gomes

Repórter

Formada em Jornalismo pela PUCPR, especialista na área de Esportes, Cultura e Segurança, além de assuntos virais da internet e trends das redes sociais.

Formada em Jornalismo pela PUCPR, especialista na área de Esportes, Cultura e Segurança, além de assuntos virais da internet e trends das redes sociais.