
Beto Richa, ex-governador e candidato ao Senado pelo PSDB, criticou a credibilidade do delator Tony Garcia nas investigações da operação ‘Rádio Patrulha’
Após decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, o ex-governador do Paraná e candidato ao Senado, Carlos Alberto Richa, deixou a prisão no início da madrugada deste sábado (15) no bairro Tarumã, em Curitiba. Ele estava preso desde terça-feira (11), quando ele e sua mulher, Fernanda Richa, foram surpreendidos em seu apartamento pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) durante a operação ‘Rádio Patrulha’.
Após ser liberado, Richa cumprimentou os policiais que estavam na portaria e fez um desabado para a imprensa. “O que fizeram comigo é uma crueldade enorme, não merecia o que aconteceu (…) Foram dias, não posso deixar de reconhecer, de extremo sofrimento para mim e para toda minha família”, o ex-governador ainda afirmou que permanece de cabeça erguida e que continua respondendo todas as acusações.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, concedeu na noite desta sexta-feira (14) o habeas corpus ao ex-governador Beto Richa. Mendes já havia afirmado em entrevista que considerou a ação um abuso de poder por parte do Ministério Público do Paraná (MP-PR) e que ações orquestradas no período eleitoral além de tumultuar as eleições também são suspeitas.
Carlos Alberto fez uma única referência, extremamente breve, sobre as investigações do Gaeco que o mantiveram preso por quatro dias. “Vale a palavra dele ou a minha palavra?”, disse criticando a credibilidade do delator Tony Garcia comparada a sua. Além de Richa, Fernanda e o irmão de Beto, Pepe Richa, também saíram na madrugada deste sábado, logo após o candidato ao Senado pelo PSDB (confira abaixo os alvarás). Quatro pessoas ainda não têm alvará de soltura, ou seja, nenhum advogado entrou com o pedido até às 12h38 de sábado. Eles são: Aldair Petry, Emerson Savanhago, Luiz Abi, Robison Savanhago.
Apenas Deonilso Roldo permanece preso por determinação da Justiça Federal, já que ele é alvo da investigação que apura desvios na duplicação da PR-323 feita pelo Odebrecht.
Programa ‘Patrulha no Campo’ e propinas
Tony Garcia foi quem revelou que um grupo de empreiteiros se aproximou da gestão do então governador Beto Richa, ainda no primeiro mandato, em 2012. Na época, foi lançado o programa ‘Patrulha no Campo‘, que tinha o objetivo de recuperar estradas rurais ao custo inicial de R$ 72 milhões. O Estado foi dividido em três lotes e três empresas foram contratadas. De acordo com o MP, uma licitação dirigida, combinada dentro do Departamento de Estradas e Rodagem (DER).
Durante as investigações, Beto Richa foi apontado como o principal beneficiado do esquema que envolveu seus principais homens de confiança: Ezequias Moreira Rodrigues, do cerimonial; Deonilso Roldo, da chefia do gabinete; Abi Antoun, assessor e primo do ex-governador e Pepe Richa, irmão e ex-secretário. Todos tiveram conversas gravadas pelo delator durante a combinação do pagamento de propinas. Durante um diálogo, o dinheiro ganhou nome de ‘Tico-Tico’.
Fernanda Richa, ex-primeira dama, também é investigada, mas por lavagem de dinheiro. Segundo o Gaeco, a propina dos empresários serviu para comprar terrenos e condomínios de luxo em Curitiba a mando de Fernanda. A defesa do empresário Celso Antônio Frare, da Ouro Verde Transporte e locação, propôs a devolução de parte do dinheiro recebido pelo Estado durante depoimento.
*Com informações dos repórteres Marcelo Borges e Ricardo Vilches, da RICTV Curitiba