O então ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, fez pronunciamento coletivo para informar sua demissão do cargo, após o presidente Jair Bolsonaro exonerar Mauricio Valeixo do cargo de diretor-geral da Polícia Federal. Confira os principais trechos da fala de Sergio Moro, que teve início às 11h, no dia 24 de abril de 2020.
As afirmações de Sérgio Moro durante o pronunciamento
“Não tenho nenhum problema em trocar o diretor, mas preciso de uma causa” – relacionada a erro grave ou mau desempenho
“Não houve causa, estava claro uma interferência política na Polícia Federal”, diz Moro em relação a troca do diretor-geral da PF
“Falei que isso teria um impacto para todos e que seria negativo (…) Sinalizei o nome do atual diretor-executivo”
“Por que trocar? E por que permitir que seja feita interferência política no âmbito da Polícia Federal?”
“Presidente me disse que gostaria de alguém que pudesse ligar e obter informações (…) Presidente me disse isso expressamente, ele pode ou não confirmar essas afirmações”
“De maneira formal, eu sinceramente fui surpreendido e achei que foi até ofensivo”
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“Para mim o ato foi a confirmação de que o presidente me quer fora do cargo”
“Tive muitas divergências com o presidente federal mas também tive convergências (…) de todo modo meu entendimento foi que eu nao tinha como aceitar essa subtituição”
“Não tenho uma causa consistente e percebendo que essa interferência pode levar a interferências impróprias, é algo que não posso concordar”
“Vou providenciar o encaminhamento da minha carga de demissão (…) Não tenho como persistir no compromisso que assumi”
“Espero que independente da minha saída seja feita a escolha adequada (…) que seja feita uma escolha técnica, sem interferências pessoais”
“Se entra alguém que não consegue dizer não ao presidente, fico na dúvida se dirá não a outros temas”
“Independente de onde eu esteja, sempre vou estar à disposição do país”
“Meu futuro pessoal, vou descansar um pouco, não tem volta para a magistratura, eu sabia disso”
Durante o pronunciamento, Moro falou sobre o convite feito por Bolsonaro para assumir o cargo e declarou que, na ocasião, foi informado de que teria autonomia para trabalhar. “Nós teríamos um compromisso de combate à corrupção, crime, organizado e a comunidade violenta. Inclusive foi me dada na ocasião carta branca para nomear todos os assessores desses órgãos como a Polícia Federal”, lembrou.
