Mais de 1 milhão de pessoas já informaram ao INSS que não reconhecem vínculos com entidades associativas e pediram o reembolso de descontos realizados diretamente no benefício previdenciário. Segundo balanço divulgado pelo órgão até as 17h desta quinta-feira (15), 1.051.238 beneficiários relataram não ter autorizado os descontos — número alcançado em apenas dois dias.

Beneficiários deverão informar sobre os descontos no aplicativo Meu INSS
Beneficiários deverão informar sobre os descontos no aplicativo Meu INSS (Foto: Joédson Alves/ Agência Brasil)

Em contrapartida, apenas 17.963 pessoas afirmaram ao INSS que os descontos foram autorizados.

De acordo com o INSS, 41 entidades associativas foram questionadas pelos usuários. Desde o lançamento da funcionalidade de consulta, o sistema registrou mais de 4,3 milhões de acessos. Desses, quase 2 milhões de usuários não possuíam nenhum tipo de desconto.

Entre 2019 e 2024, o total arrecadado por essas associações chegou a R$ 6,5 bilhões.

Sindicato ligado ao irmão de Lula se defende

No Congresso Nacional, o caso segue gerando repercussões. O Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi), que tem Frei Chico — irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — como vice-presidente, distribuiu uma carta a deputados e senadores se defendendo das denúncias de envolvimento no suposto esquema.

A entidade está sendo investigada pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU). Somente em 2023, o Sindnapi arrecadou R$ 90 milhões.

Na carta, o sindicato afirma que os “ataques” têm como objetivo atingir o governo Lula. O documento também diz que o aumento no número de associados desde 2019 seria compatível com a ampliação dos benefícios oferecidos, como seguro de vida, auxílio funeral e serviços de saúde preventiva. O Sindnapi ainda alega ter denunciado descontos indevidos em 2017, no governo Michel Temer (MDB), e em 2021, na gestão Jair Bolsonaro (PL).

Governo tenta se preparar para possível CPI

O governo Lula já trata como inevitável a instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre o caso. A estratégia da base aliada é ocupar os postos-chave da comissão, blindar o presidente Lula de desgastes e transferir a responsabilidade para o governo anterior.

O líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), afirmou nesta semana que apoia a criação da CPMI. Já o senador Fabiano Contarato (PT-ES) assinou o requerimento de instalação.

Ao todo, 37 senadores e 223 deputados já assinaram o pedido. No Paraná, 21 deputados e dois senadores também apoiam a criação da comissão.

Apesar do número de assinaturas já ter superado o mínimo necessário, a instalação ainda depende da decisão do presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União-AP), que não se manifestou até o momento.

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Guilherme Fortunato

Editor

Jornalista há quase 10 anos, especialista em previsão do tempo, coberturas eleitorais, casos policiais e transmissões esportivas. Aborda pautas de acidentes e crimes de repercussão, além de política.

Jornalista há quase 10 anos, especialista em previsão do tempo, coberturas eleitorais, casos policiais e transmissões esportivas. Aborda pautas de acidentes e crimes de repercussão, além de política.