Governadores e representantes de sete estados brasileiros, membros do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (COSUD), reúnem-se nesta terça-feira (19), em Curitiba, para a 13ª edição do encontro, que ocorre em paralelo à Conferência da Mata Atlântica no Teatro Guaíra. Os temas centrais em debate são o meio ambiente e a sustentabilidade, com foco na cooperação regional e na contribuição para a COP30, que será sediada em Belém do Pará.

A abertura do evento destacou a importância da união e do diálogo para enfrentar os desafios ambientais e sociais do país. O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), enfatizou o espírito do consórcio, afirmando: “Somos somos parte da solução, não somos uma solução à parte”.
Casagrande ressaltou a capacidade dos estados de encontrar unidade na diversidade de pensamentos políticos e geográficos, opondo-se à polarização observada no Brasil.
“Nós não somos daqueles que nos inimigos adversários que pensam diferentes aqui. São estados diferentes, são geografias diferentes, são pensamentos políticos diferentes, aqui são pessoas diferentes e aqui nós encontramos então a nossa unidade, a nossa diferença”, disse.
O governador reiterou que o tema da sustentabilidade transcende ideologias, sendo crucial para a preservação do planeta: “O tema não tá vinculado a uma ideologia de direita, a ideologia de esquerda. O tema está vinculado à preservação do nosso planeta”, concluiu.
Eduardo Leite fala sobre superar divisões
Eduardo Leite (PSD), governador do Rio Grande do Sul, falou sobre a necessidade de superação de divisões, afirmando que “Essa divisão insana que a gente vê no Brasil precisa ter superação. Se preservação depende diretamente de cooperação. E cooperação só existe quando a gente se dispõe a superar as diferenças que temos para trabalharmos juntos eh num tema que exige essa essa capacidade de colaboração”.
Leite afirmou também que os desafios ambientais não respeitam fronteiras geopolíticas, exigindo uma ação coordenada global.
“As nossas divisas, as nossas fronteiras. O meio ambiente não reconhece isso e, portanto, eh, se não houver ação coordenada para nós trabalharmos conjuntamente, puxarmos uma mesma direção, o mundo inteiro, né, uma ação global, eh é claro que ficará eh muito difícil de atingirmos as metas que estabelecemos para a humanidade, para o nosso planeta”.
O governador do estado gaúcho também destacou que os estados do COSUD representam mais da metade da população e 70% do PIB brasileiro, sendo “parte importante da solução pro Brasil”.
O Rio Grande do Sul, segundo o governador Leite, foi o estado mais afetado por eventos climáticos extremos no Brasil, sofrendo com enchentes e secas severas que impactaram a produção. Somente no ano passado, foram mapeados 16 mil pontos de deslizamento, especialmente em áreas da Mata Atlântica. No entanto, Leite pontuou que os estados do Sul têm demonstrado “constante redução de desmatamento” nos últimos anos.
A Mata Atlântica é um bioma que une os estados do COSUD, embora no Rio Grande do Sul o bioma Pampa seja o predominante, cobrindo mais de 60% do território e sendo exclusivo do estado, com a Mata Atlântica representando mais de 30%. O encontro em Curitiba, conforme Leite, visa reforçar a colaboração para a COP30 em Belém, e não competir com ela.
Zema relembra tragédias e reforça compromisso com a pauta ambiental
Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais, também presente, reforçou o compromisso com a pauta ambiental, citando as tragédias de Brumadinho e Mariana.
“Tive a infelicidade no meu primeiro mês de governo, em janeiro de 2019, ter no meu estado a tragédia de Brumadinho e naquele momento eu disse que eu seria o último governador de Minas a enfrentar esse tipo de tragédia que já tinha ocorrido anteriormente algumas vezes”, declarou.
Ele apresentou ações de Minas Gerais, como a desativação de 17 das 53 barragens de risco e a migração de empresas mineradoras para sistemas de filtragem sem barragens.
Minas Gerais também tem se destacado no apoio a combustíveis renováveis, possuindo a maior diferença de ICMS para etanol/gasolina no país, o que resultou em aumento substancial na produção de cana-de-açúcar. O estado também experimentou uma “revolução silenciosa” na geração de energia fotovoltaica, passando de 500 MW para 13 GW, multiplicando por 26 sua capacidade.
Zema orgulha-se de que Minas Gerais possui a maior área reflorestada do Brasil e produz o “aço mais verde do mundo”, utilizando carvão vegetal em vez de combustível fóssil. Além disso, em parceria com o Espírito Santo, Minas Gerais é um dos maiores produtores de café com “selo verde”, atestando que 99% da produção não envolve desmatamento, cumprindo antecipadamente as exigências da Comunidade Europeia.

Governadores falam sobre a COP30
Os governadores concordaram que a COP30 em Belém será uma “COP da implementação”, e que a execução das políticas ambientais ocorre majoritariamente em nível estadual e municipal.
“A implementação ela geralmente é feita, né, pelos estados, pelos municípios. O governo federal tem papel, mas nós aqui no dia a dia é que executamos boa parte destas ações”, observou Casagrande.
O evento do COSUD serve como um preparatório, buscando incentivar discussões sobre biomas específicos, como a COP Bioma Mata Atlântica, e futuramente a COP Bioma Pampa no Rio Grande do Sul.
A reunião do COSUD em Curitiba, que conta com a participação de autoridades do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo, reforçando o papel estratégico dos estados na agenda ambiental brasileira e global, buscando soluções conjuntas para os desafios climáticos e de sustentabilidade.
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