Apesar de já ter sido alvo de uma suspensão da Justiça, apontamentos do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR), cobranças públicas de deputados estaduais e de novos questionamentos por supostas irregularidades, o Governo do Paraná decidiu manter, para esta sexta-feira (21), às 14h, o andamento de uma licitação bilionária. 

Licitação é tocada enquanto Justiça aguarda manifestação do MP
Licitação é tocada enquanto Justiça aguarda manifestação do MP (Foto: AEN PR/ Pedro Ribas)

A ideia da gestão estadual é criar um programa de atendimento ao paranaense que reúna vários serviços públicos, no mesmo local. Uma iniciativa similar ao Poupatempo, de São Paulo. 

O detalhe é que o Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) ainda não bateu o martelo em definitivo sobre o assunto, após uma empresa de tecnologia fazer nova provocação ao judiciário e apontar suposto direcionamento no edital, mesmo depois de ajustes e uma republicação do conteúdo. Em decisão, nesta semana, o desembargador Rogério Etzel, da 5ª Câmara Cível do TJPR, deu prazo de 10 dias para que a Procuradoria-Geral de Justiça se posicione sobre o assunto. 

Desembargador do TJPR dá 10 dias para manifestação do Ministério Público
Desembargador do TJPR dá 10 dias para manifestação do Ministério Público (Foto: Reprodução)

O Governo do Paraná, no entanto, defende que não existe nenhuma ilegalidade e que ajustes e modificações já foram feitos no regramento para a concorrência, sem que haja agora problema para tocar o processo. A licitação prevista para hoje foi publicada no Diário Oficial indicando o Palácio das Araucárias, no Centro Cívico, em Curitiba, como local da disputa.

Licitação marcada para esta sexta-feira (21) já foi alvo de suspensão na Justiça
Licitação marcada para esta sexta-feira (21) já foi alvo de suspensão na Justiça (Foto: Reprodução)

O valor estimado para a escolha da empresa que vai tocar o programa é altíssimo: R$ 950.696.134,49 milhões – o que corrigido pela inflação pode ultrapassar a cifra de R$1 bilhão. A licitação prevista para hoje (21) pretende escolher uma empresa para fazer a gestão de 20 pontos que ofereçam os serviços em 18 cidades do Paraná. O contrato seria por 5 anos com possibilidade de renovação. 

Edital mostra valor próximo a R$1 bilhão para programa do Governo
Edital mostra valor próximo a R$1 bilhão para programa do Governo (Foto: Reprodução)

De olho na licitação, a 4ª Inspetoria de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR) elaborou um relatório sobre o novo edital e no documento cita que haveria um sobrepreço de 6.000%:  

“Identificou-se um sobrepreço superior a R$ 200 milhões (…) Entende-se que as novas irregularidades são graves de modo a ser necessária a expedição de cautelar para a suspensão do certame”. 

A partir do relatório, o conselheiro do TCE, Durval Amaral abriu prazo, ainda esta semana, para que as partes envolvidas se manifestem sobre as indicações.

TCE-PR menciona “sobrepreço” de 6.000% equivalente a R$ 209.036.891.48
TCE-PR menciona “sobrepreço” de 6.000% equivalente a R$ 209.036.891.48 (Foto: Reprodução)

Um relatório anterior do Tribunal de Contas do Estado já tinha apontado supostas ilegalidades relacionadas à restrição de competitividade. No entanto, o Procurador-Geral do Estado, Luciano Borges e o Procurador do Estado Ramon Ouias Santos informaram para a Justiça que o edital teve “modificações pontuais que esvaziaram em larga medida, a pretensão exposta” e os argumentos que travavam a licitação quase bilionária. 

 Procurado, o Tribunal de Justiça do Paraná informou que não se manifesta sobre processos que estão tramitando. Já o Governo do Paraná confirmou que a licitação está mantida dentro da legalidade

Especialistas em licitação e direito avaliaram para esta coluna que a realização do processo licitatório poderá, eventualmente, ser travada, no futuro, mesmo após sua concretização, caso a Justiça entenda que há algum tipo de ilegalidade na condução e no regramento do certame. O TCE-PR também pode suspender os efeitos da licitação, mesmo após realizada, a depender da manifestação do conselheiro relator do caso. 

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