Testemunhas tentaram impedir, sem sucesso, o confisco das frutas. Prejuízo do trabalhador teria sido de R$ 120

Os moradores do bairro Bigorrilho, em Curitiba, se mobilizaram para tentar impedir a apreensão de algumas sacolas de abacaxis, que eram comercializados por um vendedor ambulante em uma esquina da região. A ação aconteceu na tarde da última terça-feira (17) depois que fiscais da prefeitura de Curitiba receberam uma denúncia e foram até o local, onde recolheram os produtos do vendedor.

De acordo com informações de testemunhas, o prejuízo do trabalhador, identificado como Daniel, foi de R$ 120. Antes da polêmica ação, os mesmos fiscais já haviam recolhido a bandeja de doces de outra vendedora ambulante nas proximidades.

Rogério Viana, que vive no bairro há 10 anos, tirou fotos e realizou uma postagem no Facebook com a denúncia. Até o momento, a reclamação teve mais de 1.700 compartilhamentos na rede social. Confira abaixo a postagem original:

“Hoje a tarde, na esquina da rua Padre Anchieta com a rua Marechal José Bernardino Borman, eu e algumas pessoas nos revoltamos com a apreensão de um saco com cerca de 40 abacaxis que um vendedor de frutas fazia naquele local, bem ao lado da agência da Caixa Econômica Federal, no bairro do Bigorrilho. O valor da apreensão dos abacaxis trouxe prejuízo de 120 reais, pelo custo das frutas.

A apreensão das frutas foi feita por fiscais da Prefeitura do Município de Curitiba e segundo um deles, a denúncia e o pedido de apreensão foram feitos pela ABICam – Associação de Moradores e Empresários do Bigorrilho e Campina do Siqueira.

Várias pessoas conversaram com o fiscal, protestando contra a apreensão das frutas – antes, na mesma esquina e no outro lado da calçada, os fiscais haviam apreendido uma bandeja de doces caseiros embalados que uma mulher vendia – e lamentando a ação que tem um misto de injustiça e de burrice.

Injustiça por se tratar de apreender produtos de uma pessoa que vende abacaxi e que deve viver da venda dessas frutas. Burrice, segundo comentários feitos no momento da apreensão e que reforço aqui, pois o homem de nome Daniel estava VENDENDO frutas, portanto, trabalhando e não exercendo uma atividade ligada ao comércio de drogas, de CDs e DVDs piratas, ou mesmo pedindo esmolas ou roubando”.

Outro lado

Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Curitiba afirmou que irá encaminhar uma nota em breve sobre o caso, porém, adiantou que qualquer tipo de comércio ambulante sem o devido registro é ilegal, conforme legislação específica.

Na tarde desta sexta-feira (20) uma representante da ABICam entrou em contato com a redação da RICTV Record e negou que a denúncia tenha partido da entidade. A associação afirmou que ficou sabendo do caso apenas na tarde de ontem. A ABICam afirmou que a única denúncia que fez à Prefeitura de Curitiba foi em 2013, e tratava da venda ilegal de CDs e DVDs piratas no bairro. O representante da associação informou ainda que vai entrar na justiça contra as pessoas que deram a falsa informação que vem sendo reproduzida equivocadamente nas redes sociais.

Já a Associação Comercial do Paraná, que representa os comerciantes do Estado, preferiu não se manifestar sobre o caso.