O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou a prisão preventiva de Jair Bolsonaro (PL) após o ex-presidente tentar romper a tornozeleira eletrônica, segundo escreveu em sua decisão. O ministro apontou ainda que havia real chance de tentativa de fuga do ex-presidente e busca por asilo em uma embaixada.

ministro Alexandre de moraes sério.
O ministro determinou também que o ex-presidente tenha cuidados médicos constantes durante a prisão preventiva. (Foto: Marcelo Carvalho / Agência Brasil)

Ainda na sexta-feira (21) a Diretoria de Inteligência da Polícia Federal encaminhou ao Supremo o pedido de prisão. Na solicitação, a corporação citou o vídeo do senador Flávio Bolsonaro (PL), publicado na última sexta-feira (21) nas redes sociais, convocando manifestação para frente do condomínio onde o ex-mandatário cumpria prisão domiciliar. Para a PF, ao convocar o ato de vigília pela liberdade de Bolsonaro, o senador fez “uso do mesmo modus operandi, empregado pela organização criminosa que tentou um golpe de Estado no ano de 2022, utilizando a metodologia da milícia digital para disseminar por múltiplos canais mensagens de ataque e ódio contra as instituições”.

O pedido destacou a fala do filho de Bolsonaro, onde diz: “A nossa pátria não vai continuar nas mãos de ladrões, bandidos e ditadores. E, com a sua força, a força do povo, a gente vai reagir e resgatar o Brasil desse cativeiro que ele se encontra hoje. Quando os ímpios sobem ao poder, o povo se esconde. Mas quando eles perecem, os justos se multiplicam. Provérbios 28:28. Vem com a gente, vamos lutar. Te espero aqui.”

Ainda no pedido da Polícia Federal, há o relato de “técnicas empregadas por integrantes da organização criminosa, o tumulto nos arredores da residência do condenado, poderá criar um ambiente propício para sua fuga, frustrando a aplicação da lei penal”.

“Conforme já exposto ao longo da investigação que tramitou nos autos da Pet. 12.100/DF, a organização criminosa elaborou um plano, utilizando técnicas militares com o objetivo de garantir a fuga de JAIR BOLSONARO caso a tentativa de Golpe de Estado fosse frustrada”, aponta a autoridade policial.

Decisão de Alexandre de Moraes pela prisão de Jair Bolsonaro

Jair Bolsonaro que foi preso ao lado de policiais
A prisão aconteceu por volta das 6h deste sábado (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom / Agência Brasil)

Diante dos fatos apresentados pela Polícia Federal, o ministro Alexandre de Moraes determinou a prisão preventiva de Jair Bolsonaro, por concordar com a corporação quanto ao risco iminente de fuga.

Em sua decisão, o ministro cita: “O tumulto causado pela reunião ilícita de apoiadores do réu condenado tem alta possibilidade de colocar em risco a prisão domiciliar imposta e a efetividade das medidas cautelares, facilitando eventual tentativa de fuga do réu”.

Moraes afirma que “considerando as técnicas empregadas por integrantes da organização criminosa, o tumulto nos arredores da residência do condenado, poderá criar um ambiente propício para sua fuga, frustrando a aplicação da lei penal“. A proximidade da casa do réu com a Embaixada dos Estados Unidos, que é de 13km, “distância que pode ser percorrida em cerca de 15 (quinze) minutos de carro”, também é apontada na peça jurídica.

O magistrado relembra ainda que o Jair Bolsonaro “planejou, durante a investigação que posteriormente resultou na sua condenação, a fuga para a embaixada da Argentina, por meio de solicitação de asilo político àquele país”.

Alexandre de Moraes ressalta também que o Centro de Integração de Monitoração Integrada do Distrito Federal comunicou que a tornozeleira eletrônica utilizada pelo réu sofreu “violação” às 0h08 da madrugada deste sábado. “A informação constata a intenção do condenado de romper a tornozeleira eletrônica para garantir êxito em sua fuga, facilitada pela confusão causada pela manifestação convocada por seu filho”.

O ministro também relata a fuga de Carla Zambelli e Alexandre Ramagem, além de Eduardo Bolsonaro que está foragido nos Estados Unidos, de onde tem articulado pressão estrangeira contra o Brasil, em uma tentativa de pressionar as autoridades anular a condenação do ex-presidente.

Cela de Bolsonaro

Diante destes fatos, o ministro Alexandre de Moraes determinou a prisão preventiva de Jair Bolsonaro, com encaminhamento imediato para a sede da Superintendência da Polícia Federal em Brasília, onde ele ficará custodiado em uma Sala de Estado Maior, que servirá de cela para o ex-presidente.

O espaço não se assemelha a uma cela de presos comuns, justamente por tratar-se de um ex-presidente da República. O espaço possui banheiro privativo, cama, mesa, cadeira e televisão. A configuração lembra o espaço utilizado pelo então ex-presidente Lula (PT) na Superintendência da PF em Curitiba entre 2018 e 2019.

Bolsonaro terá acompanhamento médico permanente, segundo determinação de Moraes. O ministro anulou ainda as visitas que estavam autorizadas e determinou que apenas os advogados e equipes médicas tenham acesso ao preso.

Veja a decisão de Alexandre Moraes contra Jair Bolsonaro na íntegra

Por fim, a ordem de Moraes será submetida à Primeira Turma do STF que, em sessão virtual extraordinária, julgará pela manutenção ou anulação da prisão preventiva. A sessão deve acontecer na próxima segunda-feira (24).

Cabe destacar ainda que essa prisão não conta como cumprimento da pena de mais de 27 anos de prisão imposta a Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.

Quer receber notícias no seu celular? Entre no canal do Whats do RIC.COM.BR. Clique aqui!


Erick Mota posando para foto
Erick Mota

Editor-chefe

Jornalista há mais de 10 anos, atuou como repórter de rede em Brasília, onde se especializou em jornalismo político. Participou de coberturas no STF, Congresso Nacional e Assembleias Legislativas. Também cobriu o caso Lázaro Barbosa e morte da cantora Marília Mendonça. Produziu documentários e reportagens especiais por todo Brasil. Possui uma paixão especial em fotografia e jornalismo cultural. Apresentou programas de TV e podcasts durante toda a carreira.

Jornalista há mais de 10 anos, atuou como repórter de rede em Brasília, onde se especializou em jornalismo político. Participou de coberturas no STF, Congresso Nacional e Assembleias Legislativas. Também cobriu o caso Lázaro Barbosa e morte da cantora Marília Mendonça. Produziu documentários e reportagens especiais por todo Brasil. Possui uma paixão especial em fotografia e jornalismo cultural. Apresentou programas de TV e podcasts durante toda a carreira.