Na madrugada desta sexta-feira (8), o Gabinete de Segurança de Israel aprovou um plano para tomar a Cidade de Gaza, na Faixa de Gaza, segundo o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. A decisão marca uma nova escalada da ofensiva de Israel contra o território palestino, lançada em resposta ao ataque do Hamas no dia 7 de outubro de 2023.

Antes da reunião do Gabinete de Segurança, Netanyahu disse que Israel planejava retomar o controle de todo o território de Gaza para entregá-lo a forças árabes amigas opostas ao Hamas. Israel já controla cerca de três quartos do território devastado.
O plano tem a oposição de militares, que alertam para o risco aos reféns em poder do Hamas e aos soldados de Israel.
Mais detalhes sobre plano de tomar Faixa de Gaza
A decisão foi tomada depois de várias tentativas fracassadas de mediar um cessar-fogo e em meio a um crescente clamor internacional diante das imagens de crianças palestinas famintas, destacando um desastre humanitário cada vez mais profundo no enclave destruído.
“As Forças de Defesa de Israel se prepararão para assumir o controle da Cidade de Gaza enquanto fornecem ajuda humanitária à população civil fora das zonas de combate”, disse o gabinete de Netanyahu em um comunicado.
Embora Netanyahu tenha dito na quinta-feira que Israel pretendia assumir o controle militar de toda a Faixa de Gaza, o plano aprovado na sexta-feira concentrou-se especificamente na extensa Cidade de Gaza, o maior centro urbano do território, localizado ao norte.
O repórter Barak Ravid, do Axios, citando uma autoridade israelense, disse no X que o plano envolve a retirada de civis palestinos da Cidade de Gaza e o lançamento de uma ofensiva terrestre no local.
Perguntado se Israel, cujas forças dizem que já detêm cerca de 75% da estreita faixa costeira, ocuparia toda ela, Netanyahu afirmou a Bill Hemmer, do Fox News Channel, em uma entrevista na quinta-feira: “Pretendemos fazê-lo”.
Repercussão da decisão entre lideranças do mundo
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, disse que a decisão de Israel de tomar a Cidade de Gaza é errada e pediu que o país reconsidere. “Essa ação não fará nada para pôr fim a esse conflito ou para ajudar a garantir a libertação dos reféns. Ela só trará mais derramamento de sangue”, afirmou.
A Austrália pediu a Israel que “não siga esse caminho”.
O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, disse que o plano “causará mais mortes e sofrimento e precisa ser interrompido imediatamente.
Autoridades israelenses descreveram como tensa uma reunião anterior realizada esta semana com o chefe das Forças Armadas, dizendo que o chefe militar, Eyal Zamir, se opôs à expansão da campanha de Israel, que deslocou quase todos os 2,2 milhões de habitantes de Gaza.
Netanyahu, que afirmou que a guerra não terá fim até que o Hamas seja completamente destruído, tem sido pressionado pelos israelenses a fazer o que for preciso para levar para casa os reféns mantidos pelo Hamas em Gaza, embora muitos queiram que a guerra termine.