Líder do governo vai representar contra vereador na Comissão de Ética após invasão de igreja
O líder do governo na Câmara Municipal de Curitiba, o vereador Pier Petruzziello (PTB), afirmou nesta segunda-feira (7) que irá representar contra o vereador Renato Freitas (PT) na Comissão de Ética. A ação acontece após uma manifestação liderada por Freitas que ocupou a Igreja de Nossa Senhora do Rosário de São Benedito, no Largo da Ordem, no Centro de Curitiba, no sábado (5).
Os manifestantes fizeram um ato contra o racismo que repercutiu nas redes sociais. Pier Petruzziello classificou a ação como um “ato de muita violência que foi a invasão da igreja”. Ainda, disse que vai levar o caso para avaliação da Comissão de Ética da Câmara Municipal.
“Nós temos que tomar providências como Câmara Municipal porque um dos nossos deveres é zelar pela coisa público, pelo patrimônio público, pelo patrimônio da cidade de Curitiba. A Igreja do Rosário é uma igreja histórica, histórica para a população negra também na nossa cidade. E nós vamos aqui, na Câmara, cada vereador tem a sua independência de fazer aquilo que entende correto e nós vamos entrar, ainda hoje, com um pedido no Conselho de Ética para que seja feita a análise e aí, quem vai analisar se é motivo de cassação, quem dá uma resposta, é o Conselho de Ética. Mas eu acho que é uma forma de dar uma resposta para a sociedade e mostrar que nós estamos indignados quanto ao fato que ocorreu deste vereador que liderou o movimento de invasão na cidade de Curitiba”,
disse Petruzziello.
Nas redes sociais, Freitas defendeu a ação: “Só entramos porque quem estava lá dentro se incomodou com a manifestação, enquanto que, se seguissem os princípios cristãos, somariam-se a manifestação”, afirmou em uma resposta a um seguidor no Instagram.
Em nota, a Arquidiocese de Curitiba apontou que houve “agressividades e ofensas” nas ações do último sábado (5).
Leia a nota na íntegra:
“No dia 05 de fevereiro de 2022, em torno das 17.00hs, um grupo apresentou-se junto à porta da Igreja do Rosário, para protestar contra a violência havida no estado do Rio de Janeiro, cujo desdobramento final foi a morte de um cidadão congolês e, em outro caso, a morte de um brasileiro afrodescendente. Era no mesmo horário da celebração da Missa. Solicitados a não tumultuar o momento litúrgico, lideranças do grupo instaram a comportamentos invasivos, desrespeitosos e grotescos.
É verdade que a questão racial no Brasil ainda requer muita reflexão e análises honestas, que promovam políticas públicas com vistas a contemplar a igualdade dos direitos de todos. Mas não é menos verdadeiro que a justiça e a paz nunca serão alcançados com destemperos ou impulsividades desequilibradas.
Desde a sua primeira inauguração, em 1737, a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos sempre foi um lugar de veneração e de celebração da fé. Foram os escravos a edificá-la. Hoje, muitos afrodescendentes, a visitam. E o fazem em grupos ou individualmente. Sempre primaram pelo profundo respeito, até mesmo quando não católicos.
Infelizmente, o que houve no último sábado foram agressividades e ofensas. É fácil ver quem as estimulou.
A posição da Arquidiocese de Curitiba é de repúdio ante a profanação injuriosa. Também a Lei e a livre cidadania foram agredidas. Por outro lado, não se quer “politizar”, “partidarizar” ou exacerbar as reações. Os confrontos não são pacificadores. O que se quer agora é salvaguardar a dignidade da maravilhosa, e também dolorosa, história daquele Templo.”
Pedido de cassação
Diante do suposto pedido de cassação da candidatura do vereador Renato Freitas, a assessoria comunicou que, “até o presente momento, nada foi protocolado”. Ou seja, “só iremos nos pronunciar a esse respeito quando e se formos informados oficialmente”.