Curitiba - Manifestantes de pelo menos 18 capitais brasileiras foram às ruas neste domingo (14) contra a aprovação do chamado PL da Dosimetria. O projeto de lei chancelado pela Câmara dos Deputados na última semana diminui o cálculo das penas (dosimetria) de condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023. Entre os beneficiados está o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado à prisão acusado de liderar a tentativa de golpe de Estado.

Manifestantes fazem ato na orla de Copacabana contra PL da Dosimetria e outros temas em votação no congresso nacional.
Multidão protestou contra PL da Dosimetria no Rio de Janeiro. (Foto: Tânia Rego/Agência Brasil)

O PL da Dosimetria foi aprovado pelos deputados na madrugada da última quarta-feira (10), após uma confusão que teve a retirada à força do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) da cadeira da presidência da Casa pela Polícia Legislativa. Houve ainda cerceamento ao trabalho da imprensa. Jornalistas foram proibidos de cobrir a ação policial e vários profissionais foram agredidos pelos agentes. O projeto equipara os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito ao de golpe de Estado, com objetivo de reduzir o tamanho da penas.

No domingo de manhã, os atos contra o PL da Dosimetria foram realizados em algumas das principais capitais do país, como Belo Horizonte, Campo Grande, Cuiabá, Maceió, Fortaleza, Salvador, Florianópolis, Brasília e Manaus. À tarde foi a vez de vez de manifestantes de São Paulo, Curitiba, Fortaleza, Recife, Goiânia, Rio de Janeiro, Vitória, Porto Alegre e Porto Velho protestarem.

Curitiba reúne milhares de manifestantes contra PL da Dosimetria

Em Curitiba, os manifestantes se reuniram em bom número no calçadão da Boca Maldita, entre as Ruas Voluntários da Pátria e Ébano Pereira, tradicional espaço para atos políticos da capital. Milhares de pessoas participaram do ato, que teve faixas contrárias ao PL da Dosimetria e contra a anistia de presos. O ato terminou com uma caminhada de um quilômetro e meio até a Praça 19 de Dezembro, conhecida como Praça do Homem Nu

Na capital federal, uma multidão se reuniu em frente ao Museu da República e se dirigiu ao Congresso com palavras de ordem e cartazes com os dizeres “Sem anistia para golpista”. Também houve criticas ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), que liderou a sessão de votação do PL da Dosimetria.

Em São Paulo, manifestantes ocuparam a Avenida Paulista nos quarteirões próximos ao Museu de Arte de São Paulo (MASP). Os manifestantes entoaram, em coro, diversas vezes “sem anistia” durante o protesto, além de carregarem cartazes com mensagens como “Congresso inimigo do povo”, com destaque de crítica ao presidente Hugo Motta. Há ainda quem se vestiu de verde e amarelo para protestar também contra a anistia dos condenados pelo 8 de Janeiro.

“A convocação desse ato foi motivada pela votação que aconteceu na Câmara dos Deputados essa semana do PL da Dosimetria. Nós entendemos que é uma anistia e que os crimes que foram cometidos contra a democracia são muito graves e não podem ser perdoados, até porque a impunidade faz com que venham outras tentativas de golpe depois”, disse Juliana Donato, da Frente Povo Sem Medo.

Juliana avalia que a pressão popular nas ruas pode levar à derrota do PL da Dosimetria na votação que ainda ocorrerá no Senado.

Artistas fazem show para manifestantes no RJ

No Rio de Janeiro, milhares de pessoas ocupam as ruas próximas ao Posto 5, em Copacabana, na zona sul da cidade, para protestar contra a aprovação do projeto de lei. A organização ganhou vulto com a convocação e participação de artistas, como Caetano Veloso e Gilberto Gil, que se referem à manifestação como o segundo ato musical contra retrocessos em discussão no Congresso Nacional.

As artistas Camila Pitanga e Teresa Cristina estavam misturadas ao público, no chão. A atriz disse que é papel dos cidadãos brasileiros lutar pelo melhor de seu país.

“A gente veio aqui depois de uma semana infernal, de desrespeito às leis, aos povos indígenas, e ao povo brasileiro com um PL da Dosimetria, que na verdade, é aceitação do golpismo. São muitas bombas”, disse a atriz Camila Pitanga.

Por conta da participação dos artistas, que se apresentam de graça para os manifestantes em Copacabana, o ato foi batizado de “Ato Musical 2: o retorno”. O título faz referência à manifestação anterior, em setembro, contra a PEC da Blindagem, que acabou alterada pela Congresso Nacional, atendendo as reivindicações dos protestos, e cobrando punição aos envolvidos na tentativa de golpe de Estado.

*Com informações da Agência Brasil e do Estadão Conteúdo

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Sérgio Luis de Deus

Editor

Jornalista formado pela PUCPR com 25 anos de carreira. Especializado em política, economia e cotidiano. Pós-graduado em Sociologia Política pela UFPR e em Planejamento/Gestão de Negócios pela FAE

Jornalista formado pela PUCPR com 25 anos de carreira. Especializado em política, economia e cotidiano. Pós-graduado em Sociologia Política pela UFPR e em Planejamento/Gestão de Negócios pela FAE