Cid Gomes foi convocado pelos deputados para prestar informações sobre declaração de que a Câmara está cheia de “achacadores”

Depois de discutir com parlamentares na comissão geral da Câmara dos Deputados, o ministro da Educação, Cid Gomes, pediu demissão do cargo à presidente Dilma Rousseff. A participação do ministro na Câmara foi encerrada repentinamente com um bate-boca entre o ministro e o deputado Sérgio Zveiter (PSD-RJ).

Cid se irritou e deixou o plenário após ser chamado de “palhaço” por Zveiter  e ter o microfone cortado pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). De acordo com o deputado José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara, o ministro seguiu direto para o Palácio do Planalto, onde teve uma reunião com a presidente Dilma Rousseff.

O ministro foi convocado pelos deputados para prestar informações sobre declaração feita durante visita à Universidade Federal do Pará. Em palestra para estudantes da instituição no último dia 27, Cid afirmou que a Câmara tem de 300 a 400 parlamentares que “achacam”. “Eles querem é que o governo esteja frágil porque é a forma de eles achacarem mais, tomarem mais, tirarem mais dele, aprovarem as emendas impositivas”, disse o ministro aos alunos.

Diante dos deputados, nesta quarta-feira, o ministro voltou a dizer que alguns partidos querem criar dificuldade para conseguir mais ministérios. “Uns tinham cinco e agora têm sete. Logo vão querer a presidência”, provocou em um discurso indireto ao PMDB. “Tenho convicção de que Dilma é vítima de setores da sociedade, como políticos e empresários”, destacou.

O ponto alto das discussões na Câmara foi quando Cid apontou para o presidente da Casa e disse que preferia ser chamado de mal-educado do que de achacador. “Terei e sempre tive profundo respeito pelo Parlamento, mas isso não quer dizer que concorde com a postura de alguns, de vários, de muitos, mesmo estando no governo tendo uma postura de oportunismo”, acusou.

A maioria dos líderes subiu à tribuna e discursou pedindo a saída de Cid Gomes da pasta. Sérgio Zveiter disse que Cid agia premeditadamente para piorar a relação entre os parlamentares e o governo. Para o deputado, o ministro queria “pular fora” de um barco “prestes a afundar”. “Não tem volta, temos de interpelá-lo no STF”, reforçou e em seguida chamou Cid “palhaço”. O ministro pediu respeito e começou a discutir com Zveiter. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, cortou o microfone do ministro e disse que ele não podia rebater o parlamentar daquela forma.

Com a saída do ministro no meio da sessão, Cunha encerrou a comissão geral e avisou que vai entrar com ação judicial contra o Cid Gomes. “Essa Casa terá de reagir e não resta a menor dúvida disso”, disse o peemedebista.

Em nota curta, o Palácio do Planalto informou oficialmente que o ministro da Educação entregou nesta quarta-feira (18) seu pedido de demissão à presidente Dilma Rousseff. “Ela agradeceu a dedicação dele à frente da pasta”, diz o texto.