Ministro da Educação vai ao Senado explicar atuação de pastores na pasta
Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) – A Comissão de Educação e Cultura do Senado aprovou nesta quinta-feira (24) um convite para que o ministro da Educação, Milton Ribeiro, dê explicações sobre a crise deflagrada com a revelação de que dois pastores sem cargo formal no governo atuavam dentro da pasta.
Ribeiro deverá comparecer à comissão na próxima quinta-feira. O próprio ministro se dispôs a ir, o que fez com que a comissão aprovasse um convite, e não uma convocação –que o obrigaria a comparecer.
O requerimento para convidar o ministro foi apresentado pelos senadores Jean Paul Prates (PT-RN) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) depois de uma série de denúncias mostrando a atuação de dois pastores dentro do MEC para intermediar a liberação de verbas.
Os pastores Gilmar Silva dos Santos e Arilton Moura não têm qualquer cargo do ministério, mas são apontados como os responsáveis pela liberação ou não de verbas para prefeituras, sem atender critérios técnicos.
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Reportagem do jornal Folha de S.Paulo revelou na segunda-feira um áudio em que o próprio ministro afirma que o governo prioriza, após atender localidades com necessidade, prefeituras cujos pedidos de liberação de verba foram negociados pelos dois pastores.
Ribeiro diz ainda, no áudio, que tal atuação atende a pedido do presidente Jair Bolsonaro, em vez de seguir critérios objetivos e técnicos, e também cita pedidos de apoio supostamente direcionados para construção de igrejas.
Em nota e em entrevistas nos últimos dias, Ribeiro negou o envolvimento de Bolsonaro na atuação dos pastores, dizendo que o presidente apenas pediu uma vez que os recebesse.
Prefeitos que trataram com os pastores revelaram ainda o pedido de propina para garantir liberação de verbas para os municípios. Em um caso, revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo, o prefeito de Luís Domingues (MA), Gilberto Braga (PSDB), revelou ter ouvido o pedido de 15 mil reais antecipados e um quilo de ouro do pastor Arilton Moura para liberar recursos para construção de creches.