O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretou nesta quarta-feira (4) a prisão preventiva da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que deixou o Brasil após ser condenada a 10 anos de prisão por envolvimento na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A decisão atende a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Além da prisão preventiva, Moraes determinou a inclusão do nome da parlamentar na lista de difusão vermelha da Interpol, mecanismo que auxilia na localização e extradição de foragidos da Justiça. O magistrado também ordenou o bloqueio de verbas parlamentares e contas em redes sociais, sob pena de multa às plataformas que não cumprirem a decisão, além da apreensão do passaporte da deputada.
Na decisão, obtida pela Reuters, Moraes afirmou que a viagem de Zambelli à Europa teve como objetivo evitar a aplicação da pena imposta pelo STF, especialmente diante da proximidade do julgamento dos embargos de declaração e da possível perda de mandato.
A deputada foi condenada por unanimidade pela Primeira Turma do STF no mês passado, acusada de participar da adulteração de documentos judiciais com o auxílio de hackers. Entre os documentos falsificados estariam mandados de prisão, alvarás de soltura e quebras de sigilo bancário — um deles, segundo o Supremo, seria um falso mandado de prisão contra o próprio Moraes.
Na terça-feira (3), Zambelli afirmou em entrevista ao canal AuriVerde Brasil, no YouTube, que estava fora do país para tratamento de saúde e que pediria licença não remunerada de seu mandato. A parlamentar também disse que pretende viver na Europa para apoiar movimentos de direita no continente.

Segundo a Reuters, o advogado que defendia Zambelli no processo comunicou sua saída do caso após ser informado da fuga da deputada. A assessoria da parlamentar não respondeu aos pedidos de comentário até o momento.
Zambelli, reeleita deputada em 2022, também é ré em outro processo no STF por ter apontado uma arma contra um homem nas ruas de São Paulo, na véspera do segundo turno das eleições presidenciais — um episódio que contrariou a legislação eleitoral vigente na ocasião. O próprio ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem Zambelli é aliada, já declarou publicamente que o caso teria prejudicado sua campanha.
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