Apesar de ser investigado por outros possíveis crimes eleitorais, o influenciador Pablo Marçal (PRTB) foi condenado pela Justiça Eleitoral de São Paulo por abuso de poder político e econômico durante a campanha para a Prefeitura de São Paulo, no ano passado. A decisão do juiz Antonio Maria Patiño Zorz, da 1.ª Zona Eleitoral, declarou Marçal inelegível por oito anos. O ex-candidato pode recorrer da decisão.

Marçal foi condenado em ação baseada em representações do PSB e do PSOL apresentadas após ele divulgar em suas redes sociais um vídeo no qual “vendia” seu apoio a candidatos a vereador de “perfil de direita” em troca de doações para sua campanha. No Instagram, o então candidato do PRTB pediu Pix de R$ 5 mil em troca dos vídeos.
Decisão aponta abuso de poder
“Entendo que o discurso do requerido Pablo Marçal de oferta de gravação de vídeo de apoio para impulsionar campanha eleitoral de candidato a vereador de partido que ‘(…) não seja de esquerda(…)’ em troca de doação no valor de R$ 5.000 (cinco mil reais) divulgada em meio de comunicação social (Instagram) do próprio candidato encerra em si mesmo conduta ilícita que ostenta a potencialidade de lesar o bem jurídico protegido (legitimidade das eleições) para fins de manutenção do equilíbrio nas eleições ao divulgar referida publicação”, disse o magistrado na decisão.
O juiz Patiño Zorz concluiu que “está configurado abuso de poder midiático pela relevância e aptidão para influenciar e distorcer a formação da vontade política dos eleitores em benefício do candidato ao efetuar publicação em sua página de rede social”.
Marçal é investigado por outros atos durante a campanha
As ações que levaram à inelegibilidade do influenciador são apenas uma pequena parte dos processos contra Marçal, tanto na Justiça Eleitoral, quanto na Justiça comum. Os mais graves são investigados pela Polícia Federal e envolvem crime contra honra, divulgação de laudo falso e suposta omissão de bens declarados.
A principal ação é sobre o caso de documento inverídico divulgado pelas redes sociais contra Guilherme Boulos (PSOL), que disputava uma vaga no segundo turno da eleição municipal de São Paulo com o influenciador.
Divulgado na antevéspera do primeiro turno de 2024, o laudo falso sobre um suposto surto psicótico de Boulos por utilização de cocaína está em apuração na Polícia Federal. O documento forjado afirmava que, às 16h45 do dia 19 de janeiro de 2021, Boulos teria dado entrada na clínica Mais Consulta com um quadro de surto e exame apontava uso de cocaína. A Polícia Civil de São Paulo e a Polícia Federal atestaram a falsidade do documento.
Procurado pela reportagem, Marçal não retornou os questionamentos até o fechamento da matéria.
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