Curitiba - A Prefeitura de Curitiba lançou uma campanha nesta quinta-feira (23) em que orienta aos curitibanos não darem esmola à população em situação de rua. A decisão gerou debate, com entidades ligadas ao comércio defendendo a proposta, enquanto outros setores apontaram que a medida é “higienista”.

A campanha tem os slogans “Quando você dá esmola, a ajuda de verdade não se realiza” e “Para a ajuda durar, mude a forma de ajudar”. Assim, a Prefeitura de Curitiba fomenta que as doações deixem de ser feitas diretamente à população de rua, mas sim, por canal oficial da Fundação de Ação Social (FAS).
O prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel (PSD), apontou que a proposta tem como objetivo “conscientizar a população e promover uma transformação efetiva na cidade”. Além disso, as doações diretamente à FAS poderão contribuir para os atendimentos, “desde a abordagem social e o acolhimento, até o acesso da população, e, quando necessário, ao tratamento de saúde e desintoxicação da dependência química”.
Dados do Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico), do Governo Federal, apontam que Curitiba conta com 4.090 pessoas em situação de rua. Desse público, 3.245 estavam com as informações atualizadas. 55% de todas essas pessoas afirmam não dormirem efetivamente nas ruas da capital paranaense.
“Muitas vezes quando a doação é feita em dinheiro, ela pode acabar reforçando as vulnerabilidades sociais. Quando essa doação é realizada por meio da FAS, fortalece um grande trabalho técnico que é realizado e também o atendimento de outras secretarias, como tratamento de saúde contra dependências químicas, o acesso à qualificação profissional, ao emprego, à moradia digna, os retornos familiares. Assim promovemos a autonomia desse cidadão”, analisa Renan Rodrigues, presidente da FAS.
Campanha contra esmolas em Curitiba não conta com apoio de entidades de assistência social

Segundo a Prefeitura de Curitiba, até o fechamento dessa matéria, nenhuma entidade de assistência social apoia a campanha.
Constam como apoiadores da campanha a ACP (Associação Comercial do Paraná), Fecomércio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná), Sistema FIEP, Rede Empresarial Centro Histórico, ABRASEL (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do Paraná), Associação dos Permissionários do Mercado Municipal de Curitiba, ABIH (Associação Brasileira da Indústria Hoteleira), SEHA (Sindicato Empresarial de Hospedagem e Alimentação) e Curitiba Convention & Visitors Bureau.
Em entrevista ao repórter Guilherme Oliveira da Ric RECORD, representantes da Abrasel-PR e da ACP reforçaram o apoio à campanha da Prefeitura de Curitiba:
“A Abrasel acha muito positiva. Até porque as pessoas que gostam de doar, vão saber para quem estão doando. Vai ter uma prestação de contas. Quando a gente doa para alguém que está pedindo na rua, a gente não sabe como vai ser o uso desse recurso”, explica Luciano Bartolomeu, presidente da Abrasel-PR.
“Além de educativa, economicamente ela vai para aqueles serviços que a FAS sabe “onde a dor é maior”. Então nós, como outras entidades, estamos sim, apoiando”, aponta Antônio Deggerone, presidente da ACP.
Já a vereadora Laís Leão (PDT) criticou a proposta e avaliou que outras cidades do Brasil tentaram a mesma iniciativa, de coibir a esmola, e não tiveram resultados efetivos. “Então é uma suposta política pública, que não tem efeito nenhum, e só faz uma comunicação bastante higienista. A gente entende que a Prefeitura errou pesado e previsa rever urgentemente esse processo”, finalizou.
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