O presidente da Câmara de Vereadores de Fazenda Rio Grande, na região metropolitana de Curitiba, Alexandre Maringá (PRTB), encerrou a sessão sem apreciar nenhuma proposta nesta segunda-feira (23). Ele ficou sabendo de um plano de assassiná-lo e decidiu encerrar a sessão para que pudesse ir à delegacia registrar um boletim de ocorrência. Mas não antes de expor o áudio do plano na sessão e de confirmar que a voz no celular era de outra vereadora da cidade, presente ali na sessão.
Conforme Maringá contou ao portal RIC Mais, ele recebeu o áudio meia hora antes da sessão iniciar, durante a tarde. Nele, uma mulher dizia:
“Teve uma pessoa, que veio aqui em casa, que é bandida, que foi contratada pra dar um tiro na cabeça do Maringá, até o final do ano”.
Prontamente o vereador reconheceu a voz no áudio. Era de Doriane Marisa Brunner Hammad (PSL), a “Nani Hammad“, que além de vereadora, também é primeira dama, ou seja, esposa do atual prefeito da cidade, Nassib Kassem Hammad (PSL), ou “Dr. Nassib“, como é chamado. Assim que Maringá terminou de reproduzir o áudio na sessão, ele se voltou a Nani e perguntou se ela reconhecia a voz no áudio como sendo dela. E Nani confirmou que sim.

Após este episódio, Maringá deu por encerrada a sessão. Ele disse que todos os vereadores, com exceção de Nani, foram a uma sala de reuniões conversar sobre o assunto. Em seguida, foram à delegacia de Fazenda Rio Grande, onde o presidente da Câmara deu queixa e todos os outros vereadores tiveram depoimentos colhidos pelo escrivão.
Advogado da primeira dama desmente ‘factoide’
Procurado pela equipe do RIC Mais, o advogado que representa Nina Hammad, Dr. Gustavo Swain Kfouri, revelou que a vereadora recebeu apenas uma informação importante no celular e resolveu repassar aos envolvidos, porém, o sigilo telefônico não foi mantido.
“A defesa de Doriane Hammad, coordenada pelo Dr Gustavo Swain Kfouri afirma que se trata de mais um factóide articulado pelo grupo político que pretende desgastar a imagem da Primeira Dama. Pela possível violação de seu sigilo telefônico criaram fato em meio a uma sessão legislativa. Ao receber uma informação preocupante, Nani Hammad a repassou à uma terceira pessoa. Tal informação deveria estar restrita às autoridades competentes, mas foi divulgada pelos vereadores. A defesa pergunta: “Quem violou o seu sigilo telefônico?”,
esclareceu a nota do advogado.
Investigado
O prefeito e a esposa são alvo de uma investigação da Câmara de Vereadores por alguns crimes. Entre eles, abuso de poder, improbidade administrativa e crimes contra a saúde pública. Conforme Maringá, a investigação ainda está em trâmite. A fase de tomada de depoimentos acabou de encerrar e o processo seguirá para as comissões da casa, para analisar se existe o crime e que medidas os vereadores podem tomar.
O presidente ainda informou que o Ministério Publico do Paraná (MPPR) está a par de toda a investigação e que até solicitou documentos com cópia de tudo o que já tinha sido levantado. Os documentos foram enviados ao MPPR, mas Maringá não soube dizer se o órgão está fazendo alguma investigação em paralelo, ou se aguarda a conclusão do inquérito pela Câmara de Vereadores para depois tomar alguma atitude.
Apesar disso tudo, Maringá não sabe dizer se a ameaça de morte que ele recebeu tem a ver com a investigação contra o prefeito e a primeira dama. “Não tem como afirmar. Vamos deixar que a polícia investigue”, disse ele.