Atendendo a orientação do Conselho Federal de Medicina (CFM), o Conselho Regional de Medicina do Paraná emitiu nesta terça-feira, 24, os primeiros oito registros provisórios de médicos intercambistas do programa Mais Médicos, do Governo Federal. Diante de toda polêmica gerada pela obrigatoriedade na emissão dos registros, o presidente da autarquia, Alexandre Gustavo Bley, renunciou ao cargo para não assinar os documentos, em protesto, segundo ele, à forma impositiva com que o governo federal implantou o programa e agora pressiona e intimida os CRMs a fazer as inscrições.
“Confesso que prefiro a vergonha da renúncia a ter que conviver com a vergonha de ter traído a minha consciência, pois quando um indivíduo abre mão de suas convicções, perde sua identidade e o significado de sua existência”, expressou Alexandre Bley em sua carta de renúncia apresentada na noite de segunda, durante reunião plenária do CRM.
Os registros provisórios do primeiro grupo de médicos do programa foram assinados pelo secretário-geral do CRM-PR, Hélcio Bertolozzi Soares, que prevê a emissão de outros 12 até sexta-feira, 27, ou segunda, 30, pois há falhas documentais. Outros quatro registros foram solicitados e têm prazo até o começo de outubro. Está sendo fornecido somente o número provisório do CRM, já que a cédula de identidade, em confecção pelo CFM, ainda não foi distribuída. São 24 protocolos, de 30 médicos previstos para a primeira fase, sendo que nenhum ocupará posto de alguma cidade desprovida de profissional residente. Outros 58 estão previstos para a segunda etapa.
Registros no Paraná
Os 20 registros provisórios que devem ser expedidos até o começo da semana que vem pelo CRM, são para médicos que vão trabalhar nos seguintes municípios: Curitiba (3), Pinhais (3), Araucária (2) e Arapongas (2), além de Iguaraçu, Capanema, Campo Largo, Piraquara, Contenda, Mandaguari, São Miguel do Iguaçu e Mandaguari (todos com um).
O novo presidente do CRM-PR manifestou sua preocupação com a suspensão de concursos para contratação de médicos ou interrupção de contratos de trabalho, em possível tentativa de municípios transferirem o ônus ao governo federal e praticamente não incorporando número maior de profissionais à rede básica de assistência. Outra agravante é o valor da bolsa (R$ 10 mil mais moradia), superior à remuneração paga em muitos municípios.