O pastor Silas Malafaia, que foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) na última quarta-feira (20), aparece orquestrando campanha contra o Supremo Tribunal Federal (STF) no relatório de mais de 170 páginas.

Pastor Silas Malafaia depois de ser alvo da PF no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro
O pastor evangélico foi abordado pela PF enquanto desembarcava no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro (Foto: Egberto Ras/Enquadrar/Estadão Conteúdo)

No documento, Malafaia também pede para que o ex-presidente grave vídeos atacando o STF, em especial o ministro relator dos inquéritos dos atos antidemocráticos Alexandre de Moraes. Bolsonaro se recusa e é alvo de insistência por parte do pastor.

“Você tem que gravar um vídeo”, ordenou Silas Malafaia para Bolsonaro, em diversas ocasiões. O pastor queria, segundo as conversas divulgadas pela PF, que o ex-presidente fizesse uma gravação onde falasse que não queria que os demais ministros fossem sancionados com a Lei Magnitsky, assim como aconteceu com Moraes, e que a saída para isso seria pressionar Lula (PT) a apoiar a anistia para os envolvidos nos atos do dia 8 de janeiro.

O pastor justifica sua insistência explicando que a carta divulgada por Bolsonaro sobre as taxações de Donald Trump contra o Brasil “vale para a imprensa, o pessoal que pensa, o vídeo [serve] para o povo geral”. Segundo a estratégia de Malafaia, o vídeo tem chances de viralizar e da munição para a militância bolsonarista sair em defesa do ex-presidente.

Em outro momento, o pastor afirma estar acionando “o marqueteiro Duda” para bolar uma estratégia de comunicação. Na sequência, o líder religioso aparece com a campanha supostamente sugerida pelo profissional:

“Um marqueteiro vai produzir vídeo e banner e que estará pronto segunda para fazer uma ‘campanha orquestrada’. A frase proposta: ‘ANISTIA PARA TODOS! O Brasil da liberdade não será taxado.’ Entre outras orientações, reforça a necessidade de que o expresidente gravasse um vídeo sobre o assunto”, aponta o documento da polícia, com prinsts dessas conversas.

Bolsonaro não grava vídeo e justifica

O ex-presidente Jair Bolsonaro opta por não gravar o vídeo e explica, depois de mais uma insistência de Silas Malafaia, que está com uma crise de soluço e que não consegue gravar por conta disso. Ao que Silas responde: “Perfeito, quando puder faça”.

O documento mostra também que Silas envia ainda para Bolsonaro o título dos vídeos que publicará na própria conta nas redes sociais e, na sequência, publica o vídeo.

“O teor dos diálogos indica que SILAS MALAFAIA atua de forma livre e consciente e em unidade de desígnios com os demais investigados, na articulação e definição de ações e estratégias de coação as autoridades judiciais responsáveis pelo julgamento da AP n° 2668-STF”, diz o relatório da Polícia Federal.

Silas Malafaia ordena ataques a Alexandre de Moraes

O líder evangélico afirma em áudio enviado para Bolsonaro, que o ex-presidente não precisa temer Alexandre de Moraes e precisa centralizar suas falas contra o ministro. “Você não tem que ter medo de ALEXANDRE DE MORAES. Tá aí o jogo sendo jogado. Você tem que citar ALEXANDRE DE MOARES. Censuras, centenas de censura secretas e ilegais a plataformas americanas e a ameaça de multas”, diz o pastor.

“As conversas indicam que SILAS MALAFAIA atua diretamente na definição das ações planejadas pelo grupo investigado que tem por finalidade coagir autoridades judiciais da
Suprema Corte (STF). Nesse sentido, a dinâmica das ações identificadas pela investigação revela que MALAFAIA exerce influência direta sobre o modus operandi da família BOLSONARO”, aponta a PF.

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Erick Mota posando para foto
Erick Mota

Editor-chefe

Jornalista há mais de 10 anos, atuou como repórter de rede em Brasília, onde se especializou em jornalismo político. Participou de coberturas no STF, Congresso Nacional e Assembleias Legislativas. Também cobriu o caso Lázaro Barbosa e morte da cantora Marília Mendonça. Produziu documentários e reportagens especiais por todo Brasil. Possui uma paixão especial em fotografia e jornalismo cultural. Apresentou programas de TV e podcasts durante toda a carreira.

Jornalista há mais de 10 anos, atuou como repórter de rede em Brasília, onde se especializou em jornalismo político. Participou de coberturas no STF, Congresso Nacional e Assembleias Legislativas. Também cobriu o caso Lázaro Barbosa e morte da cantora Marília Mendonça. Produziu documentários e reportagens especiais por todo Brasil. Possui uma paixão especial em fotografia e jornalismo cultural. Apresentou programas de TV e podcasts durante toda a carreira.