O Tribunal de Contas da União (TCU) responsabilizou nesta quarta-feira (26) o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli e outros executivos da estatal por irregularidades em obras na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná. A obra foi executada por empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato. Conforme antecipou O Estado de S.Paulo na terça-feira (25), auditorias da Corte detectaram um prejuízo de aproximadamente R$ 1,27 bilhão em oito contratos referentes a obras de modernização da refinaria.

Os auditores calcularam o sobrepreço bilionário a partir de dados levantados pela Corte e do compartilhamento de informações da Operação Lava Jato pela Justiça Federal no Paraná. O valor das perdas pode ser bem maior, já que a área técnica do TCU analisou despesas de R$ 3,8 bilhões, que correspondem apenas a uma parte do valor total aplicado (R$ 10,7 bilhões).

Diante dos dados compartilhados e do esquema de cartel já revelado pela Polícia Federal, o TCU pediu que o Ministério Público de Contas avalie se é pertinente reabrir outras investigações sobre a Repar, que haviam sido arquivadas sem indicar irregularidades, pois podem ser detectados novos débitos.

Na sessão de hoje, o TCU decidiu abrir tomadas de contas especiais para apurar o valor exato do dano ao erário e avaliar eventuais punições a dirigentes da estatal. José Sérgio Gabrielli alega que não tinha funções executivas relativas aos contratos, pois como presidente atuava apenas em tarefas e coordenação. Além dele, serão alvos de processos o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, preso pela Lava Jato, e o ex-gerente executivo da Diretoria de Abastecimento Pedro Barusco, que cumpre prisão domiciliar. O tribunal vai avaliar também sanções contra gerentes da estatal na poca das obras.