A sessão plenária da Câmara dos Deputados desta terça-feira (9) foi marcada por uma confusão, relatos de agressão e interferência no trabalho da imprensa que acompanha a política brasileira. Durante um protesto do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), que se recusou a deixar a cadeira da presidência, houve o corte do sinal da transmissão da TV Câmara e profissionais da imprensa foram retirados do plenário pela polícia legislativa.

Polícia legislativa atua no plenário da Câmara dos Deputados
Sinal da TV Câmara foi interrompido, mas parlamentares registraram imagens da confusão no plenário (Foto: Reprodução/ @paulobilynskyj)

A ação aconteceu logo após o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciar que levaria ao plenário o pedido de cassação do deputado. O parlamentar então ocupou a cadeira da presidência e foi retirado à força por agentes da Polícia Legislativa Federal.

Neste momento, o sinal da TV Câmara, que transmitia ao vivo a sessão em plenário, foi imediatamente cortado e jornalistas, fotógrafos, cinegrafistas e assessores de imprensa foram retirados pela Polícia Legislativa do Plenário da Câmara

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF) consideraram “extremamente grave o cerceamento ao trabalho da imprensa e à liberdade e ao direito de informação da população brasileira”. As entidades citam ainda graves episódios de agressões físicas a profissionais da imprensa e cobram explicações do presidente da Casa.

“Não podemos admitir que medidas autoritárias, que remontam às vividas em um período não tão distante durante a ditadura militar, sejam naturalizadas e se repitam em nosso Congresso Nacional – que deveria ser a Casa do povo e não de quem ataca os direitos da população. Seguimos atentos e acompanhando os desdobramentos desse lamentável e absurdo episódio”, criticaram. 

Em outra manifestação conjunta, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), a Associação Nacional de Jornais (ANJ) e a Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) também condenaram o cerceamento do trabalho da imprensa.

“O impedimento do trabalho de jornalistas e o corte de sinal da TV Câmara são incompatíveis com o exercício da liberdade de imprensa”, diz a nota. As entidades cobraram “apuração de responsabilidades para que tais práticas de intimidação não se repitam e que sejam preservados os princípios da Constituição Brasileira, que veda explicitamente a censura”.

Imagens e relatos mostram ação truculenta de policiais legislativos contra repórteres, cinegrafistas e fotógrafos que tentavam realizar seu trabalho. Alguns profissionais precisaram de atendimento médico por conta de agressões, que incluíram puxões, cotoveladas e fortes empurrões.

O Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) também criticou o episódio.

“De acordo com notícias veiculadas nos principais portais noticiosos, a TV Câmara teve seu sinal cortado às 17h34, mesmo horário em que os jornalistas começaram a ser retirados do plenário. As imagens da brutalidade, no entanto, foram registradas por outros parlamentares e outras pessoas que permaneceram no plenário e logo ganharam os principais portais noticiosos”, disse.

Hugo Motta comenta episódio na Câmara dos Deputados

Em nota no X, o presidente Hugo Motta informou que determinou a “apuração de possíveis excessos em relação à cobertura da imprensa”.

“Temos que proteger a democracia do grito, do gesto autoritário, da intimidação travestida de ato político. Extremismos testam a democracia todos os dias. E todos os dias a democracia precisa ser defendida. Determinei também a apuração de possíveis excessos em relação à cobertura da imprensa”, afirmou. 

Em ofício assinado pela líder da Federação PSOL-Rede, Talíria Petrone cobrou explicações de Motta sobre o corte do sinal da TV Câmara e da retirada da imprensa do plenário. 

“A Constituição Federal resguarda, em seu Art. 5º, a liberdade de comunicação, independente de censura ou licença. Em seu Art. 220, a Constituição prevê que a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição. E continua, em seu § 1º, com a definição de que nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social e, no § 2º, que é vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística”, menciona o ofício.

*com informações da Agência Brasil.

Quer receber notícias no seu celular? Entre no canal do Whats do RIC.COM.BR. Clique aqui

Guilherme Becker
Guilherme Becker

Editor

Guilherme Becker é formado em Jornalismo pela PUCPR, especializado em jornalismo digital. Possui grande experiência em pautas de Segurança Pública, Cotidiano, Gastronomia, Cultura e Eventos.

Guilherme Becker é formado em Jornalismo pela PUCPR, especializado em jornalismo digital. Possui grande experiência em pautas de Segurança Pública, Cotidiano, Gastronomia, Cultura e Eventos.