O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, revelou que as quase três horas de reunião com o presidente russo, Vladimir Putin, na sexta-feira (15), não resultaram em um acordo para interromper a guerra de Moscou na Ucrânia, embora ele tenha caracterizado a reunião como “muito produtiva”.

Durante breves comentários aos repórteres, os dois líderes disseram que haviam feito progresso em questões não especificadas, mas não ofereceram detalhes e não responderam a perguntas.
“Houve muitos, muitos pontos com os quais concordamos. Eu diria que em alguns pontos importantes ainda não chegamos lá, mas fizemos alguns progressos”, disse Trump, de pé em frente a um pano de fundo onde se lia “Buscando a Paz”.
“Não há acordo até que haja um acordo”, acrescentou.
Reunião entre Trump e Putin: cessar-fogo
Conforme a agência de notícias Reuters, não ficou imediatamente claro se as conversações produziram passos significativos em direção a um cessar-fogo no conflito mais mortal na Europa em 80 anos, uma meta que Trump havia estabelecido desde o início.
Em breves comentários, Putin disse que esperava que a Ucrânia e seus aliados europeus aceitassem os resultados da negociação entre os EUA e a Rússia de forma construtiva e não tentassem “interromper o progresso emergente”.
“Espero que os acordos de hoje se tornem um ponto de referência, não apenas para a solução do problema ucraniano, mas também para a restauração de relações pragmáticas e comerciais entre a Rússia e os Estados Unidos”, disse Putin.
O presidente americano espera que uma trégua na guerra de 3 anos e meio iniciada por Putin traga paz à região e reforce suas credenciais de pacificador global digno do Prêmio Nobel da Paz.
Putin é procurado pelo Tribunal Penal Internacional, acusado do crime de guerra de deportar centenas de crianças da Ucrânia. A Rússia nega as alegações, e o Kremlin rejeitou o mandado do TPI como nulo e sem efeito. A Rússia e os Estados Unidos não são membros do tribunal.
Tanto Moscou quanto Kiev negam ter alvejado civis na guerra. Mas milhares de civis morreram no conflito, a grande maioria ucranianos, e a guerra matou ou feriu bem mais de um milhão de pessoas de ambos os lados.
Veja como foi a reunião de Trump e Putin
Trump e Putin, juntamente com os principais assessores de política externa, conversaram em uma sala em uma base da Força Aérea em Anchorage, Alasca, em seu primeiro encontro desde 2019.
O objetivo declarado publicamente por Trump para as conversas era garantir o fim dos combates e o compromisso de Putin de se reunir rapidamente com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, para negociar o fim da guerra, que começou quando a Rússia invadiu seu vizinho em fevereiro de 2022.
Zelenskiy, que não foi convidado para a reunião de cúpula, e seus aliados europeus temiam que Trump pudesse trair a Ucrânia ao essencialmente congelar o conflito e reconhecer, mesmo que apenas informalmente, o controle russo sobre um quinto da Ucrânia.
Trump procurou amenizar essas preocupações ao embarcar no Air Force One, dizendo que deixaria a Ucrânia decidir sobre quaisquer possíveis concessões territoriais.
“Não estou aqui para negociar pela Ucrânia, estou aqui para colocá-los em uma mesa”, disse ele.
A reunião também incluiu o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio; o enviado especial de Trump para a Rússia, Steve Witkoff; o assessor de política externa da Rússia, Yury Ushakov; e o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov.
Zelensky se manifesta
Zelenskiy disse que a cúpula desta sexta-feira deveria abrir caminho para uma “paz justa” e para conversações em três vias que o incluíssem, mas acrescentou que a Rússia continuava a fazer guerra. Um míssil balístico russo atingiu mais cedo a região de Dnipropetrovsk, na Ucrânia, matando uma pessoa e ferindo outra.
“É hora de acabar com a guerra, e as medidas necessárias devem ser tomadas pela Rússia. Estamos contando com os Estados Unidos”, escreveu Zelenskiy no aplicativo de mensagens Telegram.
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