Curitiba - Após ser expulso pelo Movimento Brasil Livre (MBL) nesta quarta-feira (7), o vereador em Curitiba João Bettega (União) disse em entrevista exclusiva ao RIC.com.br ter sido ameaçado de morte por um assessor parlamentar ligado ao grupo político. A ofensa teria sido proferida após o parlamentar tentar sair do MBL.

Bettega foi eleito vereador em Curitiba com a quinta maior votação em 2024, com 12.346 votos recebidos, tendo recebido apoio de representantes do MBL durante a campanha.
“A situação estava complicada no gabinete. Os meus antigos assessores fazem parte do MBL e aconteceram diversas situações em grupos de WhatsApp, reuniões de Google Meet com a militância do movimento, de pressão e escrutínio público, de intimidação”, explicou Bettega.
De acordo com o vereador, a tensão no gabinete escalonou e um dos assessores teria proferido ameaças contra a integridade de Bettega.
“Essas situações foram se acumulando e a gota d’água foi quando eu fui ameaçado por duas pessoas do movimento, que falaram que caso houvesse a ruptura minha com o movimento, coisas ruins aconteceriam na minha vida. E um dos meus assessores, ele me falou que se não for para resolver as coisas na base do carinho, elas serão resolvidas na base do ódio”, prosseguiu.
Ainda de acordo com Bettega, o próprio mandato do vereador era colocado em xeque pelo MBL e pela equipe de assessores e que ao questionar o grupo político sobre a situação não houve retorno.
“Ele gritou comigo na minha sala, falou que ele que manda no meu gabinete e também comentou que eu não mandava nada no meu gabinete. Então, foi basicamente isso que eu trouxe a nacional do movimento e eu falei que não haveria mais clima para eu trabalhar com esse assessor que me ameaçou, me desrespeitou. Infelizmente, a nacional do movimento não autorizou que eu exonerasse o assessor e por isso me expulsou”, complementou.
O vereador também pontuou que uma possível causa dessa cisão entre ele e o MBL pode ser a opinião contrária do parlamentar a recomendação do grupo político nas eleições presidenciais de 2022.
Na ocasião, o MBL recomendou que os afiliados votassem nulo na disputa do segundo turno entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). Para Bettega, o grupo deveriater apoiado Bolsonaro na disputa.
“É uma opinião divergente minha em relação ao grupo, eu queria muito continuar, mas acredito que por eu ter uma opinião diferente do pessoal que está no topo da cadeia do movimento, eles acabaram querendo me expulsar e ficar falando um monte de coisa para me cancelar nas redes sociais”, finalizou.
Procurado pela reportagem, o diretório estadual do MBL no Paraná negou a acusação de Bettega sobre ameaça de morte. “Houve discussões acaloradas no gabinete com relação ao trabalho do vereador, nada sobre ameaça de morte”, pontuou o grupo em declaração.
Bettega diz que mesmo após expulsão do MBL irá concluir mandato

Mesmo com a repercussão da expulsão do MBL, o vereador garantiu que não renunciará ao mandato de vereador na Câmara Municipal de Curitiba.
“Apesar dos problemas no gabinete, nosso mandato é produtivo. Fizemos muita coisa pela população. Tenho certeza que agora com o gabinete oxigenado nós vamos poder fazer muito mais coisa. Sou um vereador combativo, me posiciono, não fujo da briga e vamos continuar representando os 12 mil votos de curitibanos. As pessoas vão lembrar do João Bettega como alguém que fez um grande mandato”, analisou.
João Bettega ainda agradeceu o apoio recebido por alguns colegas de partido na Câmara de Curitiba, como Da Costa do Perdeu Piá, Delegada Tathiana, Andressa Bianchessi, além de vereadores como Bruno Secco (PMB) e Bruno Rossi (Agir).
MBL disse que mandato de Bettega é “estelionato eleitoral”

Ao comunicar a expulsão de João Bettega, o MBL divulgou uma nota de desculpas aos eleitores do vereador nas Eleições de 2024. No documento, o grupo político chama o início de mandato de Bettega de “estelionato eleitoral”. Confira abaixo a nota na íntegra:
Este é um pedido de desculpas do Movimento Brasil Livre (MBL) a todos os eleitores que deram 12.346 votos ao nosso candidato em 2024!
É com muita tristeza que anunciamos a expulsão do vereador João Bettega.
Durante os poucos meses de mandato, a equipe do MBL se esforçou ao máximo para fazer uma gestão de qualidade técnica, propositiva e corajosa. Infelizmente, nosso trabalho foi frustrado por um parlamentar com rigidez intelectual, individualista e pouquíssimo produtivo.
Todos os 7 assessores parlamentares pediram exoneração no dia de hoje, em respeito a vocês, militantes e apoiadores do movimento!
Entendemos a frustração causada por um estelionato eleitoral dessa magnitude! Este é um pedido de desculpas, mas também uma mensagem de esperança! Estamos mais unidos do que nunca, e muito em breve estaremos unidos no nosso próprio partido. A onça vai beber água!
Quem é o vereador de Curitiba João Bettega?

João Bettega tem 28 anos e foi eleito vereador em Curitiba em 2024, com 12.346 votos. Ele é influenciador digital, criador de conteúdo político e ex-membro do (MBL.
Em abril deste ano, o vereador foi condenado pela 5ª vara Cível de Curitiba por chamar um adolescente autista de comunista. A declaração foi dada em um vídeo postado no YouTube, TikTok e Instagram e tinha o título “Comunista defende revolução no Brasil”.
O juiz Alexandre Della Coletta Scholz condenou o vereador pelo crime de exposição indevida e não autorizada do adolescente autista. Bettega terá que pagar uma indenização de R$ 14 mil à família do jovem.
A sentença do magistrado ainda prevê a exclusão imediata do conteúdo das redes sociais do vereador, mas Bettega já havia retirado os vídeos do ar após decisão judicial.
Procurado pela reportagem na época, Bettega divulgou nota em que se diz “pego de surpresa” pelo rapaz ter TEA (Transtorno do Espectro Autista) e que estranha “a mídia de esquerda ter acesso a decisão um dia após sua publicação”.
Já em 2022, Bettega se envolveu em uma confusão com o ex-deputado federal Boca Aberta. Na época ele tentava se eleger deputado estadual no Paraná.
Junto do ex-deputado estadual de São Paulo Arthur do Val, o vereador de Curitiba foi até Londrina, Norte do Paraná, apresentar supostos gastos irregulares de Boca Aberta, mas o ex-deputado federal agrediu ambos com socos e pontapés.
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