O vereador Nilton Bobato (PCdoB) denunciou nesta terça-feira (8) uma lista com os salários dos diretores e funcionários do Hospital Municipal Padre Germano Lauck. Após ter acesso aos valores, o vereador trouxe a público ressaltando que os pagamentos são abusivos.
“Quero justificativas sobre esses valores, pois são altíssimos. Vi a necessidade de tornar o assunto público e agora quero soluções.” Afirmou o vereador denunciante. Nilton disse ainda que a partir desta quinta-feira (10) ele iniciará o recolhimento de assinaturas para criação de uma CPI que possa investigar os gastos abusivos.
Em sessão na Câmara de Vereadores, Bobato anunciou os valores que dentre os que estão citados na tabela acima ele considera o mais alto o salário do diretor presidente da Fundação Municipal de Saúde, Jorge Yamakoshi que recebe R$25 mil por mês, salário maior que o do prefeito da cidade e até da presidente da República. Jorge foi procurado pelo portal, mas não atendeu nossa equipe.
O vereador apresentou também a irregularidade desde o início do processo de contratação dos funcionários. “Já no começo houve erros, pois se quer existiu uma licitação para contratação dos funcionários do local.” Nilton questiona, além disso, o fato de os contratos realizados com os funcionários não terem sido publicados em nenhum órgão municipal. “A Lei da Transparência garante meu direito de ver esses contratos, nunca tivemos acesso a eles e só sabemos dos valores agora.” Completou Bobato.
“Ninguém falou diretamente comigo, mas li uma nota de justificativa do hospital em que eles afirmaram ter realizado as contratações sem licitação porque eram cargos emergenciais que não poderiam aguardar o processo, mas isso não justifica os altos valores nem o fato deles não publicarem os contratos.” Continuou o vereador. Quanto aos altos salários o hospital disse que o valor é compatível com a qualidade do serviço prestado.
No entanto, isso não é o que afirma a moradora de Foz do Iguaçu Mariana Serafini, que precisou internar o pai no dia 22 de setembro, após o trabalhador de 59 anos cair do telhado. Telmo João da Silva ficou desacordado e com muitos hematomas pelo corpo, e o descaso começou no Pronto Socorro da cidade. “Meu pai chegou ao Pronto Socorro e foi muito mal atendido, ele estava com hemorragia, desmaiado e as enfermeiras mandavam ele levantar como se ele estivesse em condições. Ele estava em estado grave e costuraram um corte no corpo dele, sem anestesia alegando que meu pai estava bêbado.” Mariana Serafini ressaltou que Telmo estava desacordado e que por isso a equipe achou que ele estava embriagado. “Ele teve os dedos quebrados e ninguém viu isso e quando comuniquei o fato os enfermeiros simplesmente disseram que não tinham visto, porque não fizeram raio-x.” Após o atendimento caótico o paciente foi encaminhado ao Hospital Municipal.
“No hospital nós não conseguimos contato com os médicos. Meu pai passou por uma cirurgia e nenhum médico nos falou sobre o estado de saúde dele, dizendo ao meu pai que estava desacordado o que havia acontecido na sala.” Mariana disse que o pai não tinha condições para entender o que acontecia, pois estava inconsciente. “Meu pai recebeu alta e não conseguimos falar com os médicos, ninguém nos falou sobre a saúde dele, apenas as enfermeiras nos passavam uma visão do médico sobre o caso, mas nada concreto. Elas eram muito atenciosas, mas quem tinha que conversar com a gente era o médico.” Mariana Serafini complementou que nas consultas pós-cirúrgicas o médico tratava com descaso as perguntas do pai que perdeu a visão de um olho e ao questionar o médico sobre o que deveria fazer não foi orientando, pois o médico disse que o olho não era assunto dele. Além disso, nenhum remédio foi receitado ao paciente e a própria família teve que o medicar devido as fortes dores causadas pelo acidente e recuperação da cirurgia.
Outra irregularidade apontada foi o fato de o diretor administrativo do Hospital Municipal ser integrante da empresa que faz a contabilidade da instituição. Além disso, o diretor adjunto técnico do local é irmão do dono do laboratório terceirizado escolhido para realização dos exames.
Nilton Bobato assegurou que há resistência por parte do hospital quanto ao acesso aos documentos que relatam o financeiro. “Em julho deste ano solicitei o acesso a todos os documentos do hospital, os quais relatariam o quadro de funcionários e valores gastos para mantimento da unidade e consequente pagamento dos funcionários. No entanto, o prazo de 30 dias estipulado por lei, não foi cumprido, pois até o mês atual (outubro) eles não permitiram a aquisição dos relatórios.” Nilton disse que se até o final deste mês não receberem o conteúdo ações mais judiciais serão tomadas.
O Hospital Municipal Padre Germano Lauck atende a região Oeste do estado e até pacientes do Paraguai e Argentina. São 148 leitos dispostos durante 24 horas por dia.
O vereador disse que até o dia 15 deste mês deverá protocolar o pedido da criação da CPI que investigará a situação do hospital.