Discussão sobre o tema foi suspensa por cinco sessões para ampliar o debate

Os vereadores de Curitiba decidiram adiar, nesta quarta-feira (26), por cinco sessões, a segunda votação do projeto de lei que autoriza a venda e o consumo de bebidas alcoólicas nos estádios de futebol.

Antes do início da votação, a sessão foi suspensa para que os líderes partidários tratassem do adiamento, mas não houve consenso e foram registrados alguns votos contrários. Após a decisão, os parlamentares se revezaram na tribuna expondo as razões de seus votos. Representantes da Polícia Militar e do Ministério Público do Paraná, que se opõem à liberação das bebidas, foram ouvidos pelos vereadores.

O vereador Paulo Salamuni (PV) argumentou, assim como outros vereadores, que o tema é polêmico e que o tempo de adiamento será utilizado para ampliar o debate com a sociedade. “Temos que ouvir a comunidade, todos os segmentos, inclusive os clubes”, apoiou o líder da bancada do PDT, Jorge Bernardi. “É uma matéria complexa, podemos montar uma comissão para debater o assunto e aprimorar esse debate”, admitiu Serginho do Posto (PSDB).

Contrário ao adiamento, Mestre Pop (PSC) disse que a sociedade deveria ter sido ouvida antes da primeira votação, “e não depois”. Um dos autores do projeto, Pier (PTB) disse respeitar a decisão do plenário, mas afirmou que vai continuar lutando para que as bebidas sejam liberadas nos estádios.   “Ainda não perdemos, vamos vencer. Tem que prevalecer, de forma absoluta, o direito constitucional do cidadão. Não deixaremos que o bom torcedor de futebol seja punido por causa dos maus”, completou.

Ocorrências

Representantes da Polícia Militar e do Ministério Público do Paraná apresentaram dados que comprovariam a redução no número de ocorrências policiais após a proibição do consumo de álcool nos estádios. “Entre 2007 e 2014, houve redução de 51% nos crimes relacionados à bebida”, afirmou o major Alex Erno Breuning, subcomandante do 12º Batalhão da PM, que comandou o policiamento externo nos jogos da Copa do Mundo na capital.
O major também questionou o argumento utilizado por alguns vereadores, de que durante o Mundial de Futebol, quando a bebida foi liberada, não houve incidentes de violência. “A Copa não serve como parâmetro, pois não temos a animosidade entre as torcidas. Mesmo assim, tivemos 172 ocorrências, como invasão do banheiro feminino, pessoas urinando em áreas públicas e casos de coma alcoólico. No último jogo, 104 policiais que estavam fora do estádio foram solicitados para auxiliar na segurança interna.”