Carnaval: Levar ou não o cachorro para a folia?
O mês de fevereiro é esperado por muitas pessoas devido às festas e aos bloquinhos de carnaval, sendo vários deles realizados em espaços públicos e ao ar livre. Por isso, é comum os donos levarem seus cachorros à folia com as melhores intenções, inclusive fantasiados, para “entrarem no clima” e, assim, deixá-los fazer parte de um momento considerado divertido para os humanos. Mas será que esses ambientes são adequados aos peludos?
Segundo Camilli Chamone, geneticista, consultora em bem-estar e comportamento canino e criadora da metodologia neuro compatível de educação para cães no Brasil, esta não é uma opção interessante e nem proveitosa para os cachorros. “Apesar de muitos carnavais serem ao ar livre, a música geralmente é bem alta e há um aglomerado de pessoas, o que pode assustá-los, além de encontrarmos restos de comidas e bebidas facilmente espalhadas pelo chão, que ao serem ingeridas, podem fazer mal”.
Outro ponto a se considerar é a época do ano em que as festas ocorrem: em pleno verão, com altas temperaturas no Brasil. “Sair com seu peludo em horários de pico do sol, principalmente entre 9 e 17 horas, vestindo fantasia, pode ser perigoso para a sua saúde”, alerta Chamone.
Os cães regulam a temperatura do corpo através da respiração – ou seja, eles respiram para eliminar ar quente de dentro do organismo e inspirar ar frio. Porém, se o ar externo já está muito quente, eles não conseguem resfriar seu próprio corpo. “Com isso, podem, literalmente, morrer de calor – essa condição é chamada hipertermia”.
Assim, o ambiente carnavalesco reúne diversos elementos considerados estressores – e até arriscados – à espécie canina. “Cachorros têm comportamentos naturais diferentes dos nossos, que envolvem, por exemplo, farejar, roer, e cavar – e nada disso será proporcionado, a eles, em festas de carnaval”, afirma.
E mais: todos esses estímulos das festas podem ocasionar (ou piorar) o estresse em seu organismo. “Ao humanizarmos demais os animais, levando-os a ambientes criados para pessoas ou vestindo-os com fantasias, por exemplo, negligenciamos suas necessidades reais. Por isso, vemos muitos deles com problemas de comportamento atualmente, como latir ou se lamber demais, comer as próprias fezes, se coçar por ansiedade, não conseguir ficar sozinhos sem sofrer… tudo isso é decorrente do estresse por não poderem ser quem são: cães”, lamenta a consultora.
“Folias” para os cães
Para proporcionar bons momentos ao peludo neste feriado, Chamone indica outro tipo de “folia”, que respeite as necessidades dele.
“Um passeio no parque ou uma viagem com muita natureza trará a ele cheiros diferentes, estimulando o olfato, considerado o seu principal sentido, além de ações como cavar e marcar território. São formas saudáveis de gastar energias física e mental e passar longe do estresse”.
Se ainda assim você for uma pessoa adepta às festas, a sugestão é curti-las e deixar o cachorro no conforto de sua casa, mas com atrações que o deixará com o bem-estar elevado.
“É possível enriquecer o ambiente ao esconder petiscos pela casa, por exemplo, colocando o olfato para trabalhar, ou deixar um osso para roer. Assim, todos podem curtir aos seus modos, com o respeito aos gostos e às necessidades de cada espécie”, finaliza a consultora.