Verão: entenda o que é a hipertermia canina

por Pauline Machado
Jornalista e Acadêmica de Medicina Veterinária
Publicado em 20 jan 2023, às 00h54. Atualizado em: 19 jan 2023 às 09h57.

As temperaturas muito altas podem ser difíceis para determinadas raças. Não a toa, muitos tutores ficam preocupados ao ver seu cachorro com calor. Por isso é tão importante conhecer a hipertermia, doença que coloca os pets em risco durante climas intensos.

Mas, afinal, do que se trata essa enfermidade e como curá-la? No artigo que preparamos, você acompanha todas as informações para perceber o problema em um cachorro com muito calor e resolvê-lo da melhor forma. Confira!

Saiba o que é a hipertermia canina

Chamada de hipertermia não-febril, essa condição não decorre de nenhuma infecção ou inflamação. A situação é comum quando cachorros sentem calor excessivo e incontrolável.

Além do mais, o problema é sério e deve ser tratado imediatamente, pois, infelizmente, pode colocar a vida do animal em risco.

Para entender a situação, antes, temos que levar em conta que os cães têm pouquíssimas glândulas sudoríparas. Portanto, eles dependem basicamente da respiração para regular a temperatura corporal, não deixando que ela supere os 39,5 °C.

O problema é que, se o calor do cão for excessivo, esse mecanismo de compensação pode não ser suficiente para impedir que a temperatura do corpo ultrapasse a barreira dos 40 °C. São em situações como essa em que a hipertermia funciona, nas altas temperaturas os órgãos começam a sofrer.

Cachorro com calor extremo: quando a hipertermia acontece

A gente tende a pensar que a situação tem que ser extrema para desencadear o problema, como um dia de calor infernal ou corridas sob o Sol escaldante. No entanto, cada cachorro sente calor e tem um limite diferente a partir do qual a situação se torna excessiva.

Além disso, muitos médicos-veterinários já atenderam casos de animais que tiveram hipertermia brincando na praia ou passeando no parque, por exemplo.

Os quadros de hipertermia podem acontecer com cães de qualquer raça, idade ou tamanho. Porém, alguns exigem atenção redobrada:

  • Braquicefálicos (cães de focinho curto, como Pugs e Buldogues);
  • De pelagem muito grossa (o cachorro peludo sente calor mais intenso);
  • Obesos,
  • Seniores.

Nesses pets, mesmo que o estímulo térmico ou de estresse seja menos intenso, eles correm mais risco de não conseguir regular a temperatura pela respiração — que é a única arma que eles têm.

Como notar o cachorro com calor em estado de hipertermia

Caso você note que a frequência respiratória do seu pet segue muito elevada mesmo com medidas como essas, leve o cão imediatamente ao veterinário. Isso porque o tempo entre a elevação da temperatura e o início das manobras para baixá-la faz toda a diferença.

Se perceber que o calor faz o cachorro vomitar, salivar excessivamente, ter movimentos vacilantes ou sem coordenação, procure ajuda. São sinais importantes que podem indicar o problema.

Outros sintomas como mucosas e língua arroxeadas, diarreia, desmaio, convulsão e redução de estado mental são indícios de agravamento do quadro clínico.

Como funciona o tratamento da hipertermia

No transporte do cachorro com calor extremo para a clínica veterinária, você pode colocar toalhas molhadas com água fria sobre o corpo e borrifar álcool nas patinhas dele. Evite bolsas de gelo ou uso de água gelada — elas contraem os vasos sanguíneos e acabam dificultando que o sangue chegue à periferia do corpo.

Vale sempre destacar que a automedicação nunca é a melhor escolha. Portanto, não medique o pet com antitérmicos — alguns vão prejudicar ainda mais o rim, que já está sofrendo.

No hospital, o veterinário vai esfriar o organismo de forma controlada, pois a queda brusca de temperatura não pode ocorrer. Além disso, pode submeter o animal à fluidoterapia e monitorar a função dos órgãos vitais, com exames de imagem e laboratório.

Outro cuidado será a administração de antibióticos, para evitar uma infecção generalizada. Afinal, existem bactérias que saem do intestino quando o cachorro com calor sofre a elevação de temperatura.

Já a oferta de oxigênio e o uso de outros fármacos dependem do histórico e do estado clínico de cada paciente.

Saiba como prevenir seu cão do problema

Para prevenir a hipertermia, o melhor caminho é evitar situações em que o cachorro sente calor demasiado. Portanto, não deixe que o pet fique exposto a atividades que o façam ofegante de forma prolongada.

Para levá-lo à rua, ao parque ou à praia, por exemplo, escolha períodos mais frescos do dia. Além disso, garanta pausas na sombra, ofereça água ao animal e respeite a vontade dele de se deitar em superfícies geladas e de só retomar o exercício ou a caminhada quando se sentir descansado.

Fora esses cuidados, lembre-se de observar sempre o comportamento do cachorro com calor. Se notar alguns dos sinais da hipertermia, não deixe de buscar ajuda. 

Fonte: Seres