Na Abadia de Westminster, silêncio ensurdecedor homenageia Elizabeth
Depois que as notas finais da melodia triste do “Last Post” tocadas pelos trompetes militares ecoaram pelos tetos abobadados da Abadia de Westminster, em Londres, um profundo silêncio permeou a majestosa catedral gótica.
No edifício onde por mil anos os monarcas da Inglaterra, e depois do Reino Unido, foram coroados, enterrados e casados, presidentes, primeiros-ministros, reis, rainhas, sultões e um imperador ficaram parados, de cabeça baixa.
Líderes mundiais e dignitários de cerca de 200 países e territórios, alguns abertamente hostis uns aos outros, se uniram brevemente por dois minutos de silêncio em uma homenagem no funeral de Estado da rainha britânica Elizabeth.
Não houve barulho de arrastar de pés, apenas uma tosse.
“Sua falecida majestade declarou em uma transmissão de aniversário de 21 anos que toda a sua vida seria dedicada a servir a nação e a Comunidade britânica”, disse Justin Welby, arcebispo de Canterbury e chefe da Comunhão Anglicana, em seu sermão.
“Raramente uma promessa como essa foi tão bem cumprida. Poucos líderes recebem a demonstração de amor que vimos.”
A dor do dia foi compartilhada não apenas por aqueles no Reino Unido, mas em todo o mundo, acrescentou o sacerdote.
Alguns membros da família da rainha Elizabeth tinham a dor gravada em seus rostos enquanto seguiam seu caixão para dentro da abadia. O príncipe Edward, filho mais novo de Elizabeth, tirou brevemente um lenço branco para enxugar as lágrimas.
À medida que as fileiras de gaiteiros e bateristas, liderando o cortejo que trazia o caixão de Elizabeth para a Abadia do vizinho Westminster Hall, se aproximavam, e o som ficava mais alto, havia uma sensação palpável de que este era um momento histórico.
Elizabeth, que se tornou rainha em 1952, forneceu uma ligação quase única e duradoura dos dias sombrios da Segunda Guerra Mundial com o mundo moderno. A monarca foi a mais velha e de mais longo reinado na história da realeza britânica, com 70 anos, superados em extensão apenas uma vez antes na história do planeta.
(Reportagem de Michael Holden / ABADIA DE WESTMINSTER, LONDRES / Reuters)
(Tradução Redação São Paulo)