De 'Rottweiler' a rainha consorte, Camilla emerge da sombra de Diana
Uma vez chamada de “Rottweiler”, Camilla, a segunda esposa do novo rei do Reino Unido, Charles, talvez nunca ganhe total aceitação do público. Mas agora é a rainha consorte, um título que poucos imaginavam concebível para ela 25 anos atrás.
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Quando a primeira esposa de Charles, a popular e glamurosa princesa Diana, morreu, aos 36 anos, em um acidente de carro em Paris em 1997, Camilla foi retratada pela imprensa como a mulher mais odiada do Reino Unido, alguém que nunca poderia casar com Charles, muito menos se tornar rainha.
Charles e Diana se separaram em 1992 e se divorciaram em 1996. Diana culpou Camilla, muitas vezes retratada como séria e deselegante, pelo rompimento do seu matrimônio. Camilla, agora com 75 anos, é sempre comparada com a fotogênica primeira esposa de Charles.
Mas Charles e Camilla acabaram casando em 2005 e, desde então, ela passou a ser reconhecida, embora com relutância por alguns, como uma integrante-chave da família real, cujo efeito tranquilizador sobre o marido o ajudou a lidar com seu papel.
“Eu sofreria qualquer coisa por você. Isso é amor. Essa é a força do amor”, disse Camilla a Charles em uma conversa por telefone gravada em segredo e levada ao público em 1993.
Qualquer dúvida sobre seu status futuro foi resolvida de vez no 70º aniversário da ascensão da rainha Elizabeth ao trono, em fevereiro deste ano, quando Elizabeth deu sua benção para que Camilla assumisse o título de rainha consorte, dizendo que era seu “sincero desejo” que ela a fizesse.
“Enquanto buscamos juntos servir e apoiar Sua Majestade e as pessoas das nossa comunidades, minha querida esposa tem sido uma constante fonte de apoio”, disse Charles, na época.
Rica
Nascida Camilla Shand em 1947 em uma família rica — seu pai era um major do Exército e comerciante de vinho que se casou com uma aristocrata — ela cresceu em uma propriedade rural e foi educada em Londres antes de ir à escola Mon Fertile, na Suíça, e depois ao Instituto Britânico na França.
Ela transitava em círculos sociais que a levaram a ter contato com Charles. Eles se conheceram em um campo de pólo no começo dos anos 1970.
“O mundo dele ficou de cabeça para baixo e acho que ele nunca se recuperou disso”, disse Christopher Wilson, autor de um livro sobre a relação do casal.
Segundo a lenda, nos primeiros dias, Camilla flertava com Charles lembrando-o que sua bisavó, Alice Keppel, foi amante durante muito tempo de um antigo príncipe de Gales que depois se tornou o rei Eduardo 7º. Ela, então, teria dito: “E aí, que tal?”.
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O casal namorou por um tempo. O biógrafo Jonathan Dimbleby disse que Charles contemplou um casamento naquela época, mas achava que era jovem demais para dar um passo tão grande.
Enquanto ele se dedicava à sua carreira na Marinha, Camilla se casou com um oficial da cavalaria, o brigadeiro Andrew Parker Bowles. O casal teve dois filhos, Tom e Laura. Eles se divorciaram em 1995.
“Três pessoas neste casamento”
O próprio Charles casou com Diana, de 20 anos, em um casamento em 1981 que encantou não apenas o Reino Unido, mas todo o mundo. No entanto, embora tenham tido dois filhos, William e Harry, a relação azedou alguns anos depois e o príncipe reacendeu o romance com Camilla.
A profundidade do relacionamento entre os dois foi exposta a um público chocado em 1993, quando uma transcrição de uma conversa privada, gravada em segredo, foi publicada nos jornais com detalhes íntimos, como o príncipe declarando o desejo de viver dentro das calças de Camilla e reencarnar como um absorvente.
“Seu grande feito é me amar”, disse ele. “Oh, querido, é mais fácil do que cair de uma cadeira”, respondeu ela.
Em uma famosa entrevista à televisão no ano seguinte, Charles admitiu que havia retomado o caso menos de seis anos depois de casar com Diana, mas disse que o fez apenas quando o seu casamento estava irremediavelmente quebrado.
No entanto, Diana chamou Camilla de “Rottweiler” e a culpou pelo rompimento. À medida em que sua relação com Charles entrava em colapso, ela comentou em uma entrevista à televisão em 1995: “Havia três pessoas neste casamento, então estava um pouco lotado”.
Enquanto Diana levava glamour à Casa de Windsor com seus brilhantes vestidos, muito britânicos não conseguiam entender por que Charles preferia Camilla, apaixonada pelo interior e geralmente fotografada usando cachecol e casaco de montar verde impermeável.
No entanto, pessoas próximas a Charles dizem que Camilla representa para ele um escape dos rígidos deveres reais e da criação no palácio como mais ninguém consegue.
Imagem reconstituída
Após a morte de Diana, assessores reais, com a missão de reconstruir a manchada reputação da família real golpeada por anos de reportagens negativas na imprensa sobre infidelidades, também começaram a pouco a pouco a integrar Camilla a um papel mais público.
A primeira aparição pública do casal aconteceu na festa de aniversário da irmã de Camilla, no hotel Ritz de Londres, em 1999, e em 2005 eles conseguiram se casar.
Desde então, críticas na imprensa praticamente sumiram, e ela se tornou um membro estabelecido da família. Observadores reais dizem que seu travesso senso de humor ajudou a conquistar quem a conhecia.
“Eles parecem ser um casal muito feliz na companhia um do outro”, disse Simon Lewis, secretário de Comunicação da rainha entre 1998 e 2001, à Reuters.
“No período em que estive no palácio, havia toda a especulação sobre o relacionamento deles, o que aconteceria — lidaram com tudo isso, tudo isso acabou e eu acho que (eles) na verdade são um casal muito feliz em suas próprias peles”.
Especialistas de relações públicas dizem que isso foi resultado de muito trabalho duro e cuidadoso pela equipe de relações públicas do príncipe, embora assessores afirmem que foi principalmente por causa da própria personalidade de Camilla.
“Acho que, no caso da duquesa, é simplesmente que as pessoas passaram a conhecê-la melhor e elas gostaram do que viram e ouviram sobre ela”, disse um ex-assessor sênior do palácio à Reuters.
“Não é uma campanha aberta de RP para que ela tenha uma imagem melhor. É ela fazendo o trabalho dela muito bem”.
No entanto, Camilla nunca ganhou a afeição geral do público.
Segundo uma pesquisa do YouGov, em maio de 2022, apenas 20% das pessoas que responderam pensavam que ela deveria ser rainha, e 39% pensavam que ela deveria receber o título de rainha consorte. No entanto, em uma pesquisa para o Daily Mail após a rainha endossá-la a se tornar rainha consorte, 55% apoiaram esse movimento, contra 28% que foram contra.
(Por Michael Holden / Reuters)