Publicitário Washington Olivetto, criador do 'Garoto Bombril', morre aos 73 anos

Olivetto marcou gerações com campanhas publicitárias como "Garoto Bombril", "Meu primeiro sutiã" e "Pingo"

por Daniela Borsuk
com informações de Estadão Conteúdo
Publicado em 13 out 2024, às 19h27. Atualizado às 19h48.

Washington Olivetto morreu neste domingo (13), aos 73 anos, no hospital Copa Star, no Rio de Janeiro. Olivetto – criador da campanha ‘Garoto Bombril’- era publicitário e durante a carreira ganhou 50 Leões no Festival de Publicidade de Cannes. Ele estava internado há cerca de cinco meses no hospital.

Olivetto criou campanhas icônicas (Foto: Divulgação)

“O Hospital Copa Star lamenta a morte do paciente Washington Olivetto na tarde deste domingo (13) e se solidariza com a família e amigos por essa irreparável perda”, informou o hospital Copa Star. De acordo com o jornalista Juca Kfouri, do Uol, Olivetto morreu por falência múltipla dos órgãos.

Olivetto foi um dos 100 maiores publicitários de todos os tempos, conforme escolha da revista Advertising Age. Washington Olivetto foi o criador de campanhas icônicas como “O primeiro sutiã (ninguém esquece)”, para a Valisère, o “Garoto Bombril” e “Pingo, para as torneiras Deca.

Olivetto ganhou o primeiro Leão de Ouro do Brasil em Cannes, conquistou todos os prêmios da publicidade mundial e entrou para o Guinness Book of Records. Ainda, está no Lifetime Achievement do Clio e foi o primeiro não anglo-saxão a entrar para o Hall of Fame do One Club de Nova York.

Quem era o publicitário Washington Olivetto

Washington Luís Olivetto, filho de italianos, nasceu no bairro da Lapa, em São Paulo, em 29 de setembro de 1951. De família de classe média, morou no Belenzinho e na Aclimação. Em 1968 iniciou o curso de Publicidade na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). No ano seguinte, começou a carreira como redator numa pequena agência de publicidade e ganhou um prêmio em Cannes, um Leão de Bronze, no primeiro comercial que escreveu, aos 19 anos. Em 1970 entrou para a agência de Duailib, Petit e Zaragoza.

Em 1974, Olivetto ganhou o primeiro Leão de Ouro do Festival Publicitário de Cannes para o Brasil. Depois, em 1978, criou com Petit o garoto Bombril. Em 1981, tornou-se vice-presidente do Corinthians e ajudou a colocar de pé a Democracia Corintiana, nos estertores da ditadura militar.

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Já em 1986, saiu da DPZ e logo depois abriu a W/, que seria eternizada no mega hit de Jorge Benjor “W/Brasil”. Em 1987 criou as campanhas “O primeiro sutiã”, da Valisère, e “Hitler”, para a Folha de S. Paulo, as duas únicas peças publicitárias brasileiras citadas no livro “100 maiores comerciais de todos os tempos”, de Bernice Kranner. Em 1994 fez a campanha do cachorrinho da Cofap, considerada uma das mais simpáticas da história.

Houve muitos outros comerciais. “Volkswagen – Pense bem, pense Volkswagen”, que se tornou uma das campanhas de maior sucesso da marca no Brasil. E principalmente uma parceria de Olivetto com Francesc Petit, o Bombril das 1001 utilidades, com o ator Carlos Moreno, que acabou entrando para o Guinness como o garoto-propaganda de maior tempo de permanência no ar. A parceria com a Bombril durou mais de 30 anos.

Episódio do sequestro de Olivetto

No final de 2001, foi vítima de um sequestro que durou quase 2 meses. No dia 11 de dezembro daquele ano, o carro que o levava para casa, em Higienópolis, foi parado numa falsa blitz da Polícia Federal. Era um grupo formado por ex-guerrilheiros chilenos e argentinos. O motorista foi agredido e Olivetto transferido para outro carro e levado para um imóvel no Brooklin, na zona sul paulistana. Ali ele ficou por 53 dias, num cômodo de 1 metro de largura por 2,5 metros de comprimento, sem janela, construído na casa para o cativeiro. Passou todo o tempo no quartinho com a luz acesa e música alta.

No início de fevereiro de 2002, uma investigação da inteligência da PF chegou ao líder do sequestro, o chileno Maurício Narambuena, que estava morando numa chácara em Serra Negra, no interior paulista, com parte do grupo. Os que tomavam conta do cativeiro abandonaram o local, deixando Olivetto preso no quartinho. Olivetto desconfiou que estava sozinho e começou a gritar. A vizinha, uma médica, começou a ouvir um barulho estranho e com um estetoscópio ouviu os gritos de socorro. A polícia foi avisada e o publicitário libertado.

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