Isabel Veloso: especialista explica se jovem com câncer pode adotar filho
Vivian Beraldo, assistente social do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná esclarece as dúvidas sobre adoção
A influencer Isabel Veloso, de 17 anos, que luta contra um câncer em estágio terminal, chamou atenção nas redes sociais nesta semana ao revelar o desejo de ser mãe. A paranaense foi alvo de diversas críticas por contar o desejo de adotar um bebê, mesmo diagnosticada como Linfoma de Hodgkin.
O caso foi parar nos assuntos mais comentados do X (antigo Twitter). Muitos usuários questionaram se a jovem pode ou não adotar uma criança.
De acordo com Vivian Beraldo, assistente social do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná e membro da coordenação da Seccional de Londrina/CRESS/PR, uma adoção nesse caso é considerada difícil e complexa.
“É preciso recordar do artigo 39 do ECA, que apresenta a adoção como uma medida irrevogável e excepcional, que deve ser acionada em último caso, depois de uma trajetória de tentativas falhas pelo Estado-Família-Sociedade, de proteção da criança na família de origem, que seria a preferencial. Então é justamente porque esta criança já passou por muitas perdas que a adoção requer redobrada cautela, com compromisso ético-político e competência técnica dos operadores do sistema de garantia de direitos”, explicou a assistena social.
“A adoção é um processo bastante complexo que geralmente pressupõe um histórico de perdas muito sensíveis pelo rompimento com a família de origem”, concluiu Vivian.
Caso Isabel Veloso: pesquisa antes de adoção
Ainda segundo a especialista, durante o processo de adoção é realizada uma pesquisa com os pretendentes para avaliar a condição geral dos possíveis responsáveis da criança.
“Há adversidades que podemos prever com estudos técnicos, desde o processo judicial de habilitação de pretendentes para adoção, antes de se iniciar a aproximação com a criança”, explicou.
Como é feito um estudo técnico para adoção?
Conforme a assistente social do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, o estudo social ou estudo psicológico ocorre em várias etapas. Primeiro ocorre a fase de habilitação dos pretendentes, como uma forma de preparação gradativa.
Na sequência, vem a parte da orientação jurídica e apresentação de documentos, onde são agendadas entrevistas no Fórum.
Além disso, são oferecidos encontros de preparação para pretendentes à adoção, que é uma etapa obrigatória. Por exemplo: visita domiciliar, inserção em encontros em grupo interno de orientação e sugestão de inclusão em grupo externo de apoio à adoção.
“É importante salientar que a perícia não pretende atestar se serão bons pais ou mães, mas se estão preparados para a parentalidade pela via adotiva, dadas as suas complexidades”, esclarece Vivian.
Por fim, acontecem etapas como o plano de aproximação, a guarda para fins de adoção, estágio de convivência e consolidação da adoção judicial. Nesse período, os pais também são acompanhados e avaliados por assistentes sociais e psicólogos, com apresentação de laudos nos processos.
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