Paraná enfrenta maior perda da história com redução na safra de milho

por Caroline Maltaca
com informações da RIC Record TV do Oeste e supervisão de Giselle Ulbrich
Publicado em 3 ago 2021, às 17h47.

De acordo com o último relatório do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), o volume a ser colhido nesta safrinha de milho é 16% menor que a safra 2019/2020, mesmo com uma área 4% maior. Até o momento, 8,5 milhões de toneladas já foram perdidos no setor agrário, o que representa quase 60% de toda a área plantada. Estima-se que esta seja a maior perda de safra da história do Paraná.

De acordo com a engenheira do Deral, Jean Marie Ferrarini, a quebra se deve ao grande período de seca registrado no início do ano e às fortes geadas dos últimos dias.

“Já foi plantado mais atrasado do que o normal. Sempre é plantado um pouco mais cedo, então já saiu com um expectativa não muito boa. Nós tivemos uma estiagem severa e depois uma geada que pegou numa fase bem suscetível. Portanto estamos com uma quebra de 58% na produção do milho safrinha. Nos tínhamos uma previsão de dois bilhões e meio de toneladas, hoje estamos com um milhão de tonelada”,

informou a engenheira.

Devido a seca no estado no início do ano, a safra de milho já havia passado por complicações. Entretanto, com a geada que assolou o oeste neste último mês, os problemas só aumentaram e a preocupação se tornou constante. Segundo o engenheiro agrônomo Luiz Soares Ridimar, a geada é prejudicial por dilatar os vasos encontradas no sistema vascular da planta e congelar as substâncias nutritivas.

“Se a agua congela ela arrebenta os vasos, e isso prejudica a circulação de toda a solução nutritiva da planta”,

explicou Ridimar.

Base alimentar

Diante da baixa produção, o preço da saca subiu e já ultrapassou de R$90. Com o grão mais caro, toda a cadeia produtiva também acaba sendo afetada.

“Tem que aproveitar o máximo do que tem esses grãos, se possível misturar com milho bom de outras regiões, que tá [sic] difícil, mas não tem como dispensar, porque teremos que usar esse grão de um jeito ou de outro. Se não, não teremos alimentação suficiente para o que existe hoje de frangos e suínos na região”,

explicou Ridimar.

Expectativas

Em agosto, a expectativa é de intensificar os trabalhos de colheita, mas, além do que foi perdido, a qualidade do que sobrou também será um grande desafio a ser superado. De acordo com a Seab, apenas 10% das plantações estão em boas condições. Além do milho, a geada também castigou a safra de trigo. O impacto ainda não foi contabilizado, mas o especialista prevê reflexos negativos.

O trigo é do frio, mas não tolera temperaturas negativas na fase que aconteceram as geadas, então ele não mostra ainda, fica difícil mensurar danos, mas a probabilidade dos danos serem muitos severos no trigo é grande”,

disse o engenheiro agrônomo.