Miguel Angelo Duarte, de 24 anos, que confessou o assassinato de Layane Czervinski, de 19 anos, foi interrogado de forma complementar nesta quinta-feira (23), na Delegacia da Mulher de São José dos Pinhais, e deu uma versão diferente do que ocorreu na noite do crime. Além disso, ele apresentou contradição ao declarar que chegou a acreditar que a vítima estivesse viva

Diferença entre primeira e segunda versão 

Em seu primeiro depoimento, prestado nesta terça-feira (21), o suspeito alegou que aplicou um golpe mata-leão na jovem quando ela surtou após beber e usar drogas. E que, na sequência, Layane desmaiou e ele carregou seu corpo nas costas por cerca de 100 metros até o matagal onde ela foi encontrada. Nesse momento, é que a calça legging usada pela vítima teria saído até a altura do joelho.

No entanto, desta vez, Miguel declarou que os dois estavam ao lado de um muro quando discutiram e que depois que Layane desmaiou, entre às 2h e 3h da madrugada de domingo (19), ele jogou o corpo por cima desse mesmo muro. Após passar sua bicicleta para o matagal, ele também pulou para o outro lado e pegou a vítima nos braços. Descalço, ele teria pisado sem querer nos restos de uma fogueira que estava no local e deixado a vítima cair com o rosto diretamente sobre as brasas, por isso, a jovem apresentava queimaduras. Só então, ele teria carregado a vítima até a área de mata.

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Muro que suspeito afirmou ter pulado e ao fundo mata onde Layane foi encontrada. (Foto: Nader Khalil/RIC Record TV)

Sobre as roupas o novo documento diz: “O interrogado afirma que saiu do local deixando o corpo com as vestes dela, pois afirma que a roupa saiu do corpo dela quando carregou o corpo e que a roupa dela saiu do corpo da vítima e que ele tentou vesti-la, e que quando deixou o corpo, as vestes estavam na altura do joelho”. 

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As roupas da Layane foram encontradas a cerca de 10 metros de distância do corpo. (Foto: Colaboração)

Contradição 

Segundo contou à polícia, ao retirar Layane das brasas, ela “gemia e resmungava”, o que fez com que ele acreditasse que ela ainda estava viva. Por isso, quando deixou a mata pensou que ela voltaria a si e conseguiria ir embora por conta própria. “Que afirma que ao mexer no corpo de Layane, esta gemia, resmungava, o que fez o interrogado acredita que ela estava viva. […] Que deixou o corpo de Layane acreditando que ela voltaria a si e conseguiria ir embora por conta própria”, diz um trecho do documento. 

Por outro lado, em determinado momento, Miguel afirmou que ficou até às 4h da manhã pensando em como esconderia o corpo. “Que afirma que estava sozinho e que até às 4h00 permaneceu no local perto do corpo da vítima, pensando em como escondê-lo”, foi registrado no interrogatório. 

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Segundo Miguel, ele conhecia Layane há pouco tempo. (Foto: Reprodução/Facebook Layane Czervinski)

Outra novidade no depoimento é que Miguel disse ter ouvido barulhos e visto luzes de lanterna no meio da mata, o que teria apressado sua saída de lá. Ele não soube precisar quem estaria andando no local. 

O assassino confesso declarou ainda que sua intenção não era manter nenhuma relação com Layane, mas sim ter companhia enquanto usava cocaína. Ele continuou negando que outra pessoa tenha participado do crime e afirmou que a vítima desconhecia que ele era casado. Do mesmo modo, reafirmou que os dois usaram drogas juntos e que não tinha intenção de matar a jovem com o golpe mata-leão, que queria apenas imobilizá-la, mas que “segurou por muito tempo” e ela acabou desfalecendo.

O crime

A jovem não foi mais vista desde a noite de sábado (18) e seu corpo foi localizado no início da manhã de segunda-feira (20). em uma área de mata em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba. Segundo a Polícia Militar, quando foi encontrada, Layane vestia apenas um sutiã, apresentava várias queimaduras, principalmente na barriga e nos braços e tinha a vários ferimentos na cabeça. “As roupas estavam longe do corpo, tinha um óculos de grau de cor rosa, uma corrente também e o corpo estava seminu, a uma distância de mais ou menos uns 10 metros do local onde estavam essas roupas”, contou o tenente Reginaldo Cason, da Polícia Militar.

A Polícia Civil chegou até Miguel depois que teve acesso a mensagens trocadas por ele e a vítima em uma rede social. Na conversa, os dois marcavam de se encontrar, entre o fim da noite de sábado e início da madrugada de domingo (19), nas proximidades da área de mata onde o corpo foi localizado.

Miguel admitiu que matou, mas nega que tenha estuprado a jovem. A polícia espera pelo resultado de cinco laudos que irão comprovar se Layane sofreu violência sexual e indicar a causa mortis

23 jan 2020, às 00h00. Atualizado em: 1 jul 2020 às 14h55.
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