Mesmo indiciada por homicídio, avó de Eduarda Shigematsu é solta pela Justiça

Publicado em 28 jun 2019, às 00h00.

Terezinha de Jesus Guinaia, avó de Eduarda Shigematsu morta em abril em Rolândia, no norte do Paraná, foi solta pela Justiça nesta quinta-feira (27). Ela e o filho Ricardo Seidi foram acusados, pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR), na terça-feira (25), por homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e falsidade ideológica no Caso Eduarda.

Na saída do 3º distrito de Londrina, onde estava presa desde o dia 30 de abril, ela escondeu o rosto com um cobertor e não quis falar com a imprensa.

Veja vídeo do Caso Eduarda Shigematsu onde a menina ajuda na horta da avó.

Entenda a decisão que soltou a avó de Eduarda Shigematsu

Para tomar a decisão de soltura da acusada, a Justiça levou em consideração o fato do inquérito da Polícia Civil já foi concluído, de forma que assim, a avó da criança não poderia atrapalhar as investigações. 

Mesmo assim, ela terá que cumprir medidas cautelares como:

  • não mudar de endereço;
  • não sair da cidade sem autorização, entre outras. 
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A avó de Eduarda Shigematsu também foi acusada de homicídio. (Foto: Reprodução/RIC Record TV)

O advogado Mauro Valdevino da Silva, que defende Terezinha, no entanto, já declarou à Justiça que ela não poderá voltar para o seu antigo endereço por medida de segurança. Pois a população de Rolândia ficou revoltada com o crime que vitimou Eduarda Shigematsu e poderia colocar a vida da ré em risco.

“Eu prefiro não comentar o local onde ela vai ficar, mas ela vai ficar em segurança. No dia que ela foi presa, as pessoas foram para a frente da delegacia e queriam queimar e matar. Imagine hoje?”, disse Silva.

Ricardo Seidi permanece preso pela morte da filha

Já Ricardo Seidi teve a prisão temporária convertida em preventiva e continuará preso na Delegacia de Rolândia. O Juiz Alberto José Ludovico, responsável pelo Caso Eduarda, ponderou que o pai foi o principal agente do crime e sua eventual soltura seria uma afronta à sociedade. 

No mesmo documento, também é possível ver que o pai é considerado autor do assassinato da filha, ao contrário do que ele próprio afirmou ao dizer que encontrou a criança morta e apenas enterrou o corpo.

Trechos do depoimento de Terezinha de Jesus Guinaia

Em depoimento, a avó de Eduarda Shigematsu declarou que não vê motivos para que o filho tenha cometido o crime, além de “muita maldade”. “Sim, ela tava morta por esse animal, por esse monstro”, chegou dizer ao delegado. 

Ela também afirmou que o filho foi frio e calculista e não deixou transparecer em nenhum momento que sabia que a Eduarda estava morta.

Mãe de Eduarda não concordou com a soltura da avó

Hugo Juan Esteves, advogado que representa Jéssica Pires, mãe de Eduarda, se manifestou contra a decisão. Em nota, ele declarou que solicitará a habilitação nos autos como assistente de acusação, ou seja, irá pedir à Justiça para participar diretamente do processo, para, segundo ele, buscar a punição dos envolvidos. 

Ainda conforme Esteves, ele discorda da soltura de Terezinha “especialmente porque Ricardo confirmou, em depoimento, que a avó da criança sabia ao menos da ocultação de cadáver. Assim, em liberdade, nada impede que Terezinha volte a embaraçar a instrução criminal”, pontuou. 

Jéssica teve a filha com apenas 16 anos e, na época, segundo ela, não quis entregar a guarda da filha para a avó e o pai de Eduarda Shigematsu. Eu nunca quis entregar a minha filha. Por mais que eu tava passando por momentos difíceis eu levava ela aonde eu fosse. Eu não cheguei nem a ser ouvida no processo de guarda. O juiz simplesmente concedeu a guarda para ela”, disse. Leia entrevista completa.

Entenda o assassinato de Eduarda Shigematsu

Eduarda vivia com o pai e avó em Rolândia, no norte do Paraná, e desapareceu no dia 24 de abril. Sua avó chegou a registrar um Boletim de Ocorrência, no entanto, mais tarde, foi descoberto que Terezinha já sabia que a neta estava morta quando foi até a delegacia. 

Quatro dias depois, 28 de abril, o corpo de Eduarda Shigematsu foi encontrado enterrado nos fundos de uma casa que pertence ao pai e a avó. Em uma cova rasa, a criança estava com as mãos e pés amarrados e a cabeça envolta em um saco plástico.

De acordo com a Polícia Civil, que teve acesso a câmeras de segurança instaladas na rua da residência. Ricardo chegou com um carro preto por volta das 13h37 da quarta-feira (24) – dia em que a menina desapareceu – e permaneceu por aproximadamente 20 minutos no local. 

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Ricardo Seidi foi flagrado na casa onde enterrou o corpo da filha. (Foto: Montagem/RIC Mais)

Ricardo foi preso no mesmo dia e confessou à polícia ter enterrado o corpo da filha. Segundo sua versão, ele tomou a atitude depois de encontrar a menina enforcada dentro de seu próprio quarto.“O pai, bastante frio, disse que no dia dos fatos estava na residência quando encontrou ela enforcada no quarto dela”, explicou, na época, o delegado Ricardo Jorge.

No dia 29 de abril, os resultados de exames feitos no Instituto Médico Legal (IML) apontaram que Eduarda morreu por esganadura.

Já no dia 30 de abril, a avó de Eduarda Shigematsu foi presa após prestar depoimento. O delegado Bruno Rocha, que colheu o testemunho, afirmou que ela tentou ludibriar os policiais e já saberia da morte da neta quando registrou Boletim de Ocorrência sobre o desaparecimento. Tereza negou as acusações e ao saber de sua detenção chorou e chamou o filho de monstro.