Caso Eduarda: em audiência pai revela que enganou a mãe sobre a morte da criança

por Guilherme Becker
reportagem RIC Record TV, Londrina
Publicado em 4 fev 2020, às 00h00. Atualizado em: 1 jul 2020 às 15h46.

Foi realizada nesta segunda-feira (3), no Fórum de Rolândia, a audiência de instrução do Caso Eduarda Shigematsu. A menina, de apenas 11 anos, foi encontrada enterrada no quintal de um terreno que era do seu pai, Ricardo Seidi, em Rolândia, no norte do Paraná. O homem permanece preso desde o final de abril de 2019. A avó de Eduarda, que é réu, porém, está em liberdade, também foi ouvida pelo Juiz Alberto José Ludovico.

Por videoconferência, Ricardo Seidi, que está preso na Penitenciária Estadual de Londrina, confessou à Justiça que a sua mãe, Terezinha de Jesus Guinaia, não sabia da morte de Eduarda até que a polícia revelasse o corpo enterrado. O homem assumiu novamente que foi o responsável por ocultar o corpo da filha, entretanto negou que tenha participado da morte da menina. 

Após a audiência, o juiz decidiu por prorrogar por mais três meses a prisão de Ricardo.

Caso Eduarda: novos depoimentos

A avó e o pai de Eduarda Shigematsu prestaram novos depoimentos para a Justiça sobre a morte da garota. Desta vez, Terezinha de Jesus foi até o Fórum de Rolândia, visto que a mulher aguarda em liberdade desde junho de 2019. Após a conversa com o juiz, a mulher deixou o local acompanhada e não quis falar com a imprensa.

De acordo com o advogado de Terezinha, o resultado da audiência de instrução foi positivo, já que Ricardo Seidi confessou que a mulher foi enganada sobre a morte da criança. O advogado também relatou que a avó de Eduarda está realizando tratamento psicológico, ingere remédios controlados e ainda possui dificuldades para dormir.

Já o pai de Eduarda, Ricardo Seidi, prestou depoimento por videoconferência, já que continua preso em Londrina. No depoimento o homem voltou a negar que tenha matado a filha. Após ser surpreendido com a menina enforcada dentro do quarto, ele disse que preferiu ocultar o corpo e não contou nada para sua mãe. No dia seguinte após enterrar a filha em um terreno, Seidi acompanhou Terezinha até a Polícia Civil para realizar Boletim de Ocorrência.

Agora a Justiça convocou novas testemunhas para depoimentos no dia 27 de fevereiro. A investigação também pediu laudos médicos e psicológicos de Eduarda para então decidir se os réus irão ou não a júri popular.

O advogado de acusação, por parte da mãe de Eduarda, Hugo Esteves, acompanhou a audiência de instrução e afirmou que a esperança é “que a justiça seja feita”. O advogado também confirmou que a mãe da vítima segue muito abalada, quase 10 meses após o crime.

Acusações do Caso Eduarda de Rolândia

  • O crime homicídio tem agravantes pois: Eduarda Shigematsu foi morta por meio cruel – asfixia-, não teve chance de defesa e porque a criança era uma mulher, ou seja, tipifica feminicídio;
  • Ocultação de cadáver: porque o próprio pai enterrou a filha nos fundos do terreno de uma casa que pertence a família;
  • Falsidade ideológica: pois Ricardo Seidi mentiu sobre o paradeiro da filha, inclusive criando grupos de procura para encontrá-la, e a avó chegou a forjar um Boletim de Ocorrência de desaparecimento, mesmo sabendo que a neta Eduarda estava morta;

Entenda a morte da criança no Caso Eduarda

Eduarda Shigematsu, de 11 anos, vivia com o pai e avó em Rolândia, no norte do Paraná, e desapareceu no dia 24 de abril. Sua avó chegou a registrar um Boletim de Ocorrência, no entanto, mais tarde, foi descoberto que Terezinha já sabia que a neta estava morta quando foi até a delegacia.

Quatro dias depois, 28 de abril, o corpo de Eduarda foi encontrado enterrado nos fundos de uma casa que pertence ao seu pai. Em uma cova rasa, a criança estava com as mãos e pés amarrados e a cabeça envolta em um saco plástico.

De acordo com a Polícia Civil, que teve acesso a câmeras de segurança instaladas na rua da residência. Ricardo Seidi chegou com um carro preto por volta das 13h37 da quarta-feira (24) – dia em que a menina desapareceu – e permaneceu por aproximadamente 20 minutos no local.

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O PAI DE EDUARDA SHIGEMATSU FOI FLAGRADO NA CASA ONDE ENTERROU O CORPO DA FILHA. (FOTO: MONTAGEM/RIC MAIS)

Ricardo foi preso no mesmo dia e confessou à polícia ter enterrado o corpo da filha. Segundo sua versão, ele tomou a atitude depois de encontrar a menina enforcada dentro de seu próprio quarto.“O pai, bastante frio, disse que no dia dos fatos estava na residência quando encontrou ela enforcada no quarto dela”, explicou, na época, o delegado Ricardo Jorge.

No dia 29 de abril, os resultados de exames feitos no Instituto Médico Legal (IML) apontaram que Eduarda morreu por esganadura.

Já no dia 30 de abril, a avó de Eduarda Shigematsu foi presa após prestar depoimento. O delegado Bruno Rocha, que colheu o testemunho, afirmou que ela tentou ludibriar os policiais e já saberia da morte da neta quando registrou Boletim de Ocorrência sobre o desaparecimento. Tereza negou as acusações e ao saber de sua detenção chorou e chamou o filho de monstro.

No dia 26 de junho, a avó de Eduarda foi liberada para aguardar o processo em liberdade.