Combate a dengue: nova tecnologia extingue 95% do mosquito
Nesta terça-feira (19) uma empresa anunciou os resultados iniciais de sua pesquisa para o combate a dengue. A corporação em questão é especialista em engenharia genética para controlar com segurança e sustentabilidade insetos e pragas que espalham doenças e danificam plantações
Combate a dengue
A Oxitec Ltd., realizou um teste bem-sucedido da sua nova tecnologia de mini-cápsulas do Aedes do Bem™. Realizado em estreita colaboração com a cidade de Indaiatuba, no Brasil, o método suprimiu, após apenas 13 semanas de tratamento, 95% 1 da população do Aedes aegypti, em comparação com as áreas de controle não tratadas na mesma cidade.
O tratamento envolveu a colocação de mini-cápsulas do Aedes do Bem™ em propriedades residenciais uma vez por semana, sem ferramentas ou manuseio especiais. O esforço gerou rápida supressão do mosquito em uma área onde moram aproximadamente 1.000 pessoas, e demonstrou 100% de eficácia da tecnologia na eliminação de larvas fêmeas, validando completamente a biossegurança do produto.
Este ensaio de campo para desenvolvimento do produto de mini-cápsulas do Aedes do Bem™ representa um grande avanço na tecnologia de controle vetorial direcionada e segura.
Embora as tecnologias baseadas em insetos tenham demonstrado efeitos promissores de supressão nas últimas décadas, esta é a primeira solução baseada em insetos criada especificamente para fornecer uma supressão direcionada com simplicidade, escalabilidade e sustentabilidade econômica, tornando acessível para governos, comunidades e usuários finais de todos os tipos e níveis de renda os benefícios das soluções biológicas de saúde pública.
Como funciona
A tecnologia de mini-cápsulas usa o sistema proprietário da Oxitec para encapsular ovos da linhagem de 2ª geração do Aedes do Bem™ e, quando colocadas em uma pequena caixa com água, produzem e liberam apenas machos do Aedes do Bem, que são seguros, auto-limitantes e não picam.
Esses machos, ao saírem da caixa, se dispersam no ambiente para acasalar com fêmeas Aedes aegypti selvagens em uma área de até 8 mil metros quadrados. Esse produto está sendo desenvolvido para ser a primeira tecnologia de controle do Aedes aegypti baseada em insetos que pode ser fabricada em instalações centralizadas, ser estavelmente armazenada e implantada sob demanda em qualquer lugar do mundo, sem equipe especializada ou equipamento especial.
Para acompanhar o estudo, foi encomendada uma pesquisa independente que mostrou que o apoio da comunidade local ao estudo foi alto, com 94% dos 1.200 residentes pesquisados a favor da tecnologia do Aedes do Bem™ e seu uso nos bairros da cidade.
“Temos enfrentado epidemias devastadoras de dengue no Brasil e novas ferramentas de controle de vetores são desesperadamente necessárias para auxiliar nossas cidades e comunidades” ,afirma Natalia Ferreira, diretora geral da Oxitec do Brasil.
Projeto
As mini-capsulas do Aedes do Bem™ promete um controle maior sob o mosquito que já matou mais de 111 pessoas no Paraná. Segundo Natalia, o combate a dengue proposto pela corporação é feito de forma sustentável.
“É por isso que o produto de mini-cápsulas do Aedes do Bem™ será tão impactante – ele pode fornecer um controle superior e seguro do Aedes aegypti por meio da fácil implantação de minúsculas cápsulas de ovos em caixas que não exigem infraestrutura dispendiosa ou operações complexas. Estamos tornando o controle do Aedes aegypti simples, sustentável e escalável – em outras palavras, é exatamente o que as cidades e comunidades do Brasil precisam neste momento crítico” , completa a diretora.
No início deste mês, a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) concedeu à Oxitec uma Permissão de Uso Experimental (EUP) para testes de campo dessa mesma tecnologia nos Estados Unidos.
“Este ensaio de campo foi inovador. É a primeira vez que uma tecnologia de controle biológico de vetores é compactada em uma solução pequena, que pode ser transportada, armazenada, segurada na mão e implantada para trazer supressão de mosquitos em várias gerações e sem liberação de fêmeas” conta Grey Frandsen, CEO da Oxitec
Estratégias
Segundo Grey, para começar a combater a expansão das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, é necessário uma geração totalmente nova de ferramentas de controle de vetores que sejam acessíveis e economicamente viáveis – e que possam capacitar uma coalizão mais ampla a participar desta batalha.
“Como demonstramos com sucesso neste ensaio, nossa abordagem com mini-cápsulas do Aedes do Bem™ é exatamente isso. Esse teste excedeu nossas expectativas de desempenho e, agora, estamos nos preparando para testes de campo maiores”, explica a CEO.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 390 milhões de pessoas são acometidas pela dengue todos os anos, com aproximadamente metade da população mundial em risco.
O número de casos de dengue relatados à OMS aumentou mais de 15 vezes nas últimas duas décadas. O Aedes aegypti, um mosquito invasor encontrado em todo o mundo, também transmite zika, chikungunya e febre amarela.