Mário Petrelli fala sobre futuro:
“A imprensa tem que ter cada vez mais liberdade, procurar se modernizar, entender que a internet vai tirar muito da leitura gráfica. Tem que se aperfeiçoar. A televisão tem que ser a mais inteligente possível, para poder fixar no indivíduo o interesse de vê-la. E tem que respeitar os horários no sentido da educação. A televisão é um veículo que o indivíduo fica estratificado dentro dela – uns no esporte, outros nos desenhos, outros na novela. Os horários têm que ser feitos de acordo com o consumidor. O que interessa na comunicação, em primeiro lugar, é o respeito ao indivíduo. Temos de aprimorar cada vez mais isso, partindo para a internet, para solução web, para jornal, para revista. A mídia de rádio, inclusive, é fundamental. O rádio na realidade é aquele negócio que o lavrador pendura no pescoço no começo da manhã e vai para o campo ouvindo a notícia. Que a empregada doméstica está na cozinha ouvindo. O rádio ainda é um instrumento de comunicação, por mais que pense que desapareceu, em minha opinião, ainda é a maior mídia que se tem. É a mídia que o cidadão anda com ela o tempo todo. E a televisão também tem que evoluir nesse sentido de ter o seu horário de acordo com a necessidade.”
Planejamento de longo prazo
“Nada se sustenta sem ter metas e objetivos. Quando você sai ‘a la baulé’ [atabalhoadamente] você acaba dando com os burros n’água. Está aí o exemplo das redes de televisão que foram para o saco; os jornais que foram para o saco; das lojas que foram para o saco; das grandes fortunas que foram para o saco. Da economia que mudou de dono porque não houve primeiro planejamento, nem meta, nem processo estratégico para evitar essa situação. Então é importante ter uma visão de que as empresas, por mais que elas sejam familiares no sentido de propriedade, não sejam familiares no sentido de execução e administração. Senão é aquela história: ‘avô rico, pai bem, neto pobre’.
“Você pega uma empresa que o pioneiro criou com quatro filhos. Os quatro filhos têm mais 14 filhos. Aquilo fica um negócio familiar. Aí surge mais um filho ou um neto que tem capacidade gerencial e vem para a empresa. O restante dos genros, noras, netos e bisnetos, todo mundo quer estar lá dentro… As empresas familiares precisam hoje ter uma visão fundamental: controle societário não quer dizer controle executivo. O controle societário é para estabelecer as regras funcionais normativas, mas o ideal é que o controle executivo seja feito por profissionais.
“Graças a Deus os meus filhos são profissionais. Há um pacto familiar para que eles possam colocar os sucessores deles, portanto, meus netos. Mas eles precisam ter no mínimo cinco anos de exercício fora das atividades da empresa, ter MBA, cursos avançados… Senão vira nepotismo.
“Há muitos casos na história do Paraná e de Santa Catarina em que [as empresas familiares] foram desaparecendo. Faltou profissionalização.
“Aconteceu a mesma coisa com fortunas gaúchas de antigamente, foram desaparecendo. Surgiram novas. Em Santa Catarina há 60 anos eram uns sete ou oito grupos de expressão regional. Todos eles foram substituídos por novos grupos, que se aprimoraram. Uns entraram em mercado aberto, outros fizeram sociedade aberta.
“Mas o que eles estão procurando fazer e que eu acho que o Leonardo e o Marcello têm de procurar fazer, é o seguinte: têm de criar a estrutura com profissionais que pensem no desenvolvi- mento da empresa. Eles já estão relativa- mente aprimorados; estão melhores do que eu na modernização.”