CPI remarca depoimento de diretora da Precisa para quarta-feira (14)
Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) – A CPI da Covid irá ouvir na quarta-feira (14) a diretora-executiva da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, após um dia inteiro de espera por uma posicionamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre os limites de habeas corpus parcialmente obtido pela depoente.
A oitiva de Emanuela estava prevista para a manhã desta terça-feira (13), mas, munida do habeas corpus parcial concedido pelo STF, ela se recusou a assumir compromisso de dizer a verdade e até mesmo a responder qual relação profissional mantém com a empresa.
Diante do impasse, o caso foi levado ao STF para esclarecer os limites do habeas corpus e se a depoente poderia se recusar a responder questionamentos que não impliquem em produção de provas contra si mesma.
A defesa da diretora também buscou a Corte, que, em decisão no início da noite desta terça, acolheu parcialmente os dois embargos, estabelecendo que caberá a Emanuela decidir se uma pergunta tem resposta que possa autoincriminar, ao mesmo tempo em que a CPI poderá avaliar se ela estará abusando desse direito, confirmando que a comissão tem os instrumentos necessários para tomar providências.
Após diversas horas de suspensão, o depoimento foi retomado à noite. Emanuela chegou a responder a primeira pergunta, sobre o cargo que ocupa na empresa, mas em seguida, passou a alegar exaustão e pediu o adiamento de seu depoimento, comprometendo-se a colaborar na quarta-feira.
“Não existiu irregularidades”, sustentou a depoente. “Eu estou exausta, ok? Estou psicologicamente, fisicamente exausta e estou querendo colaborar.”
O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), e o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), afirmaram que os senadores tomariam o cuidado de não fazer perguntas que a comprometessem. Outros senadores chegaram a sugerir que a diretora da Precisa parasse para tomar um café ou fazer uma refeição.
Outros lembraram que a exaustão não era abarcada pelo habeas corpus e não poderia ser utilizada como argumento para não responder as perguntas. Ainda assim, Aziz decidiu que o depoimento de Emanuela ocorrerá na manhã da quarta e encerrou a sessão.
Antes dessa reviravolta, o calendário da CPI previa que os senadores ouvissem na quarta-feira o empresário Emerson Maximiano, sócio-administrador da Precisa Medicamentos. Agora, segundo Aziz, os dois serão ouvidos na quarta.
A Precisa, representante no Brasil do laboratório indiano Bharat Biotech, que fabrica a vacina contra Covid-19 Covaxin, é peça-chave nas investigações da CPI sobre suspeita de irregularidades nas tratativas para a aquisição desse imunizante pelo Ministério da Saúde.
Originalmente, a CPI ouviria na quarta-feira o reverendo Amilton Gomes, que, no entanto, apresentou um atestado médico para justificar sua ausência e foi submetido a avaliação de junta médica do Senado Federal que confirmou sua incapacidade de comparecer.
Presidente de uma ONG, a Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), o religioso teria recebido autorização para atuar em nome do Ministério da Saúde na negociação de 400 milhões de doses da vacinas, segundo reportagem da TV Globo.