Cristiana Brittes: Justiça nega pedido de soltura para esposa de Edison

Cristiana Brittes irá permanecer presa. (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

Ela está detida desde o dia 31 de outubro por suspeita de envolvimento na morte do jogador Daniel Corrêa; Cristiana Brittes está na Penitenciária Feminina do Paraná

A Justiça negou, nesta segunda-feira (19), o pedido de soltura para Cristina Brittes, de 35 anos, presa desde o dia 31 de outubro por suspeita de envolvimento na morte do jogador Daniel Corrêa. Ela está detida, junto com a filha Allana Brittes, na Penitenciária Feminina do Paraná (PFP), localizada em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba.

Mãe e filha estão detidas em prisão temporária com 30 dias de duração. De acordo Amadeu Trevisan, delegado responsável pelo caso, ambas são suspeitas de mentir e tentar, junto com Edison, coagir as testemunhas para que mudassem a versão do que ocorreu na noite da festa em que o jogador foi assassinado

De acordo com a assessoria do Departamento Penitenciário do Paraná (DEPEN), as duas estão bem, detidas na mesma cela e isoladas das demais presas. “Estão bem, ainda não podem receber visitas, pois estão em período de triagem (adaptação) que é de 30 dias. Só podem receber visita do advogado. Estão isoladas das demais presas nesse período também. Estão sozinhas em uma cela”.

Depoimento de Cristiana Brittes

Em depoimento, Cristiana contou que tem um relacionamento afetivo há 20 anos com Edison Brittes Júnior – assassino confesso do jogador – e que com ele tem duas filhas. Além de Allana, o casal também possui mais uma filha de 11 anos.

Ela também disse à polícia que não conhecia o jogador Daniel Corrêa, mas que já tinha visto o rapaz em um evento anterior, na festa de 17 anos da filha Allana, que aconteceu há aproximadamente um ano.

Em sua versão, no dia do crime, ela teria acordado com o jogador, apenas de camiseta e cuecas, em cima dela na cama do casal Brittes. Que assustada, gritou por socorro, seu marido entrou no quarto e começou a agredir Daniel. Na sequência, diante da violência do marido contra a vítima, ela teria, então, pedido para que ajudassem Daniel antes que ocorresse uma tragédia. Confira ao depoimento na íntegra

Imagens da família  Brittes com testemunhas em shopping

Edison, Cristiana e Allana se reuniram para coagir testemunhas após morte do jogador Daniel (Foto: Reprodução/Câmera de Segurança)

Câmeras de segurança registraram o momento em que Edison Brittes, Cristiana Brittes e Allana Brittes conversaram com testemunhas em uma praça de alimentação de um shopping em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba, após a morte do jogador Daniel.

As imagens mostram o encontro que ocorreu no dia 29 de outubro – dois dias depois do assassinato de Daniel Corrêa Freitas. Nas imagens, é possível ver Edison Brittes recebendo três testemunhas que viram as cenas de espancamento do jogador Daniel dentro da casa da família.

Em seguida, Edison aparece fixando o olhar para a câmera de segurança, enquanto Cristiana e Allana escondem o rosto durante a passagem de um casal com o carrinho de bebê.

Na ocasião, as testemunhas alegam que foram ameaçadas para manter a mesma versão apresentada pela família Brittes: a de que Daniel tentou estuprar Cristiana e, por isso, foi morto. A partir do conhecimento do fato, a Polícia Civil considerou que as testemunhas foram coagidas pela família Brittes – o que, na prática, configura um novo crime.

Edison Brittes

Cristiana é esposa de Edison Brittes Júnior, assassino confesso do jogador, que está preso no Centro de Triagem de 1 da Polícia Civil em Curitiba. Também nesta segunda, a defesa de Brittes divulgou um vídeo em que ele aparece desmentindo os boatos de que teria sido agredido dentro durante o cárcere. Embora mais magro e abatido, o suspeito nega que tenha sofrido algum tipo hostilidade. “Eu quero deixar bem claro para todo mundo que está vendo esse vídeo, que eu estou bem. Não sofri nenhum tipo de ameaça e de agressão”, afirma Edison.

Assista ao vídeo de Edison Brittes:

As imagens foram gravadas dentro do Centro de Triagem de 1 da Polícia Civil em Curitiba.

Sobre a permanência do assassino confesso de Daniel no local, o  Departamento Penitenciário do Paraná (DEPEN) informou que ele só será transferido caso seja decretada sua prisão preventiva. Além disso, a prisão temporária ainda pode ser prorrogada, por mais uma vez, pelo período de 30 dias por se tratar de crime hediondo, antes de ser decretada a preventiva. 

Ligação de Edison com atividades criminosas

João Milton, promotor do caso afirmou que Edison Brittes será investigado por atividades criminosas com as quais podem estar envolvido. “Há indícios de participação de Edison em outras atividades criminosas. […] Dado o histórico, origem, circunstâncias, tem que tomar providência de se investigar pra ver a participação dele ou não com organização criminosa”, explicou.

Ainda conforme o promotor, a moto que Brittes usava e que está em nome de um traficante condenado a mais de 30 anos de prisão, o chip de celular que pertencia a um homem morto com tiros de fuzil em São José dos Pinhais, entre outros fatos podem apontar para novos crimes. “Tudo tem origem estranha”, afirmou Milton. 

Cristiana Brittes, Edison Brittes e Allana Brittes estão presos. (Foto: Reprodução/Redes Sociais)
Carro usado para transportar Daniel pode ser de policial

Até o carro utilizado para transportar o jogador para a Colônia Mergulhão não está no nome do assassino confesso. No cadastro do Detran, o veículo consta como propriedade de uma casa de material de construção em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba. Mas, desde 2015, o carro estava sendo usado, por procuração judicial, por Edenir Conton.

‘Gauchinho’, como é conhecido, está afastado da polícia e já foi preso por receptação de carro roubado e organização criminosa. Atualmente, Conton é o braço direito de Recalcatti na Assembléia Legislativa do Paraná. Ele é assessor parlamentar do ex-delegado. Além disso, ‘Gauchinho’ é padrinho de Allana Brittes.

Amizade de Rubens Recalcatti e família Brittes
Deputado estadual em comemoração de aniversário da família Brittes
(Foto: Reprodução/Redes sociais)

Rubens Recalcatti, policial aposentado e deputado estadual, aparece em uma festa de aniversário de Cristiana Brittes. Além disso, em uma das prisões de Edison, ele teria ligado para o deputado e ainda afirmado que tinha amigos policiais -tentando intimidar os agentes que o prenderam.

Em um vídeo, Recalcatti aparece desejando felicidades para Cristiana. “Cris, minha amiga especial, amiga do peito…Deus te abençoe com muitas vitórias na sua vida”. O policial aposentado é réu em um assassinato cometido em 2015, que aconteceu durante uma suposta abordagem policial. Além da relação pessoal, Edison e Recalcatti possuem o mesmo advogado.

Em coletiva na manhã desta segunda-feira (19), Recalcatti afirmou que existe uma relação, praticamente política. “Tenhos muitos conhecidos no bairro que ele mora, participo ativamente na questão política”, declarou. Em contrapartida, o policial aposentado defendeu seu amigo Edenir Conton, afirmando que a relação dele seria extritamente política: “É a mesma que a minha e desconheço a relação dele com o carro”.

“Neste Boletim de Ocorrência -que Brittes afirma categoricamente que iria chamar seu amigo Rubens Recalcatti-, que ele foi preso em junho que eu nem sei porquê…no final do BO o policial coloca que Edison disse que iria ligar para o deputado Recalcatti. Ele jamais me ligou e jamais fui em uma delegacia de policia para pedir por ele ou por quem quer que seja”, disse exaltado.

Quando indagado sobre estar presente no aniversário de Cristiana Brittes, o policial aposentado declarou que era um aniversário e que, por ser figura pública, não poderia estar afastado. “Eu não posso dizer mais nada a respeito de uma situação dessa. É uma festa normal, como eu participo de inúmeras festas. Eu vou em inúmeros locais que as pessoas me chamam. Eu sou bastante conhecido, tenho uma tragetória na polícia de 40 anos…e eu já ia muito nas casas das pessoas. Quando me tornei político, eu passei a frequentar mais ainda”.

Ainda na coletiva, o deputado estadual afirmou que é dever do Ministério Público abrir um inquérito quando existe um fato obscuro. “Eu estou pronto, a qualquer momento, para prestar esclarecimento”, disparou Recalcatti.

Edison Brittes tem várias passagens pela polícia

Além de matar o jogador Daniel Corrêa Freitas, Edison Brittes possui outras passagens pela polícia e responde por diversos processos desde 2005. Em abril de 2015, por meio de uma denúncia anônima, Brittes foi apontado de realizar adulteração de chassi de veículo. No documento consta que um indivíduo conhecido como ‘Junior’ estaria circulando em São José dos Pinhais com um veículo Hyundai sonata adulterado.

No dia oito de junho de 2018, Brittes recebeu voz de prisão por porte ilegal de arma. Segundo o processo, o homem foi parado na Avenida Manoel Ribas, em Curitiba, pois trafegava em alta velocidade. Durante a revista, os policiais encontraram a arma e, por isso, Edison foi conduzido para a delegacia para prestar esclarecimentos.

Jogador Daniel é encontrado morto em São José dos Pinhais
Local onde o corpo do jogador Daniel foi encontrado. (Foto: Reprodução/RICTV)

O corpo do jogador Daniel Corrêa Freitas foi localizado no dia 27 de outubro de 2018, na Colônia Mergulhão, na zona rural de São José dos Pinhais, depois que um morador da região viu marcas de sangue no chão de uma estrada rural e seguiu o rastro até o corpo do jovem. Ele estava vestido apenas com uma camiseta, com sinais de tortura, o pênis decepado e cortes profundos no pescoço, a ponto de quase ter sido degolado.

19 nov 2018, às 00h00.
Mostrar próximo post
Carregando